I
Esclarecendo que o poema
é um duelo agudíssimo
quero eu dizer um dedo
agudíssimo claro
apontado ao coração do homem
falo
com uma agulha de sangue
a coser-me todo o corpo
à garganta
e a esta terra imóvel
onde já a minha sombra
é um traço de alarme
II
Piso do poema
chão de areia
Digo na maneira
mais crua e mais
intensa
de medir o poema
pela medida inteira
o poema em milímetro
de madeira
ou apodrece o poema
ou se alteia
ou se despedaça
a mão ateia
ou cinco seis astros
se percorre
antes que o deserto
mate a fome
Luíza Neto Jorge, Lisboa, 1939-1989.
Muito lindo....abrs
ResponderExcluirObrigada, Claudia.
Excluirbeijoss
muito interessante
ResponderExcluirabraço
Milton
Grata pela visita, Milton e volte sempre!
Excluirum abraço
um dedo
ResponderExcluiragudíssimo claro
apontado ao coração do homem...
É o que é, de fato. E é esse um poema e tanto!
Beijos,
Ela tem poemas fortíssimos, sensualíssimos
Excluire "mete o dedo" lá no fundo, Tânia :)
beijos
Ci, criatura de alma afiada e afinada é você, talento e doçura ambulante entre posts e comentários, criatura tão rara e única.
ResponderExcluirbeijossssssssssssssss
Magnífico, minha querida Cirandeira!
ResponderExcluirDireto no alvo: a alma...
Beijos, querida
Zélia, obrigada pelo carinho, és sempre tão amável!!!
ResponderExcluirbeijosss
Estás querendo encabular-me, Lê? Sou tão comum que fiquei vermelha e cheia de dedos :)
ResponderExcluirbeijossssssss