quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

"Solar é a casa da solidão"

Dia desses conversávamos no Facebook sobre como os poetas encaravam a morte. Há pouco partiu o Hélio Jesuíno, amigo-irmão do Tuca Zamagna, nosso Tuca. Não pude deixar de obsevar como o querido humorista, poeta e ilustrador se portou diante da perda. Uma homenagem sem sombras. Uma homenagem solar. Vejam lá do Desinformação Seletiva:, porque tem mais, e tem muito com o que aprendermos:





"Minha última conversa tête-à-tête com Hélio Jesuíno – que jamais eu poderia imaginar  fosse a derradeira – deu-se no quintalzinho da casa de vila em que ele morava desde que se casou com a Silvia, sua primeira e única mulher, há quase 40 anos. Bebemos cerveja, beliscamos azeitonas, implicamos com a Sílvia que mesmo gripada não parava de arrumar a casa, falamos de nossos projetos em parceria, falamos da vida... e até da morte. Sarcasticamente, é claro. Mesmo assim, lá pelas tantas ele me interrompeu: “Pára, para já, que estão mandando.” Era a voz do eu místico desse ateu à toa que nem eu – botafoguenses os dois, simpatizantes do candomblé, ele bem mais que isso, embora eu não hesite em afirmar que, se há alguma sabedoria real nas religiões mais conhecidas, ela concentra-se praticamente toda nesse culto que os negros trouxeram da África e souberam conservar mesmo sob pancadas pesadas de seus “donos”, fiéis seguidores do deus católico. Oxalá, meu amigo – SOLAR, ENSOLARADO e SOL-SEMPRE-NASCENTE, sim! –, Xangô continue contigo".

6 comentários:

  1. Uma bela homenagem do Tuca, bem a cara dele e eu fiquei pensando que esse Hélio era uma figuraça também! :-)

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  2. Tânia!

    A vida é assim mesmo. Uns vão mais cedo, outros ficam anos sofrendo numa cama, sem nem os parentes mais próximos quererem saber mais dele ou dela. Tuca, encara a morte como deve ser encarada. É um ensinamento para vocês que podem frequentar o facebook e portanto sentir mais de perto ese tipo de emoção.Qualquer religião ajuda, você tem razão. É por onde nos chega a luz!

    Parabéns pela sua sensibilidade.

    Beijos

    Mirze

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  3. Mirze, sempre acho que AMAR é para além de. O quão misterioso possa ser o território que se estende para além da carne, não importa: o amor, os afetos pecorrem, eu sei, os rios sinuosos e escuros que estão logo ali, depois de nós. Amar é a grande religião.
    Beijos pra ti!

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  4. Com pesar e tristeza leio essas linhas, Tania.

    Uma estrela mais nas constelação dos que com ele privaram, de outros que o admiraram, dos tantos que o continuarão a trazer dentro,

    Um abraço,

    LB

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  5. Uma homenagem tocante...

    Beijinho com emoção!

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  6. Tânia,


    Entendo o tom, mas jamais falaria sarcasticamente da morte. Poder estar vivo ou morto, a qualquer hora, sem optar por um ou outro [isso exclui o suicídio], isso é aceitação, de fato. É radical e é pra poucos. Não precisa chamar por nome nenhum. Deixe que te chamem.





    Beijo.

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