“Papi maneja o verso com maestria
 e sabe usar as palavras, redescobri-las.” 
Ferreira
Gullar
Enciclopédia mínima
Jogue-se
fora o desventurado
ano que
finda. E seus elementos
no cálice
do tempo esvaziado
tão sutilmente
unam-se aos ventos
aleatórios
da nova contagem.
E tudo
reestréie com remendos
imperceptíveis
na tenra roupagem 
suja
de terra, adubos e adendos
a corriqueiro
ciclo. E rituais
do agrourbano
caos, uma faísca
da ferradura
cósmica e sais
crestados
na retorta da botica
misturem
elixires da sortida
enciclopédia
mínima da vida.
 .
 .
Surrealismo
Dado
lançado, xeque sem xadrez,
o inconsciente
na desabada
corrida
do delírio, chega a vez
do surreal
na arte. Na pitada
de sal
insano sobre a escritura
mecânica
passeia a ambigüidade
da usina
de onirismo e da ruptura
com a
falsa lira da modernidade.
A
chuva e seu estouro na vidraça
convivem
com o lixo e a fumaça
que moram
na mansão que desovou
o raio
do invisível. Pela telha
rompida
na explosão brilha a centelha
fugaz do
haxixe do espirit nouveau.
Os dois poemas integram o livro
enciclopédia
mínima – sonetos de almanaque (Edições Galo Branco, 2004).

 
Excelente escolha, Tuca.
ResponderExcluirSurpreendente, como sempre!!!
Tentando de novo:
ResponderExcluirTuquinha, muito bom! Mais uma vez vc nos brinda com pérolas!
Beijos,
CONSEGUI: enfim!!! :-)
ResponderExcluirValeu, queridas!
ResponderExcluirTambém tenho penado, Tânia, para comentar nos blogs.
Beijos pras duas
Tuca, valeu a pena essa tua "penação", tadinho >:))
ResponderExcluirbeijo