sábado, 5 de fevereiro de 2011

O Poeta e a Musa


O Poeta e a Musa

Envolto em plumagens escuras,
me aqueço
e sou levado às ranhuras de um afresco.

Tempo e espaço nos separam.
Quereria eu, fosse irreal,
Mas teus olhos guardam em segredo,
a matéria fúnebre que me é real.

Repousa suave sobre meu corpo.
Pairo sobre teus cabelos mórbidos.
Querendo tocar teu corpo,
Devaneio-me em sonhos sórdidos.

Criados em semelhança,
Só lhe faltara o ar.
Do barro me vestiram,
Do gesso lhe despiram,
A vida me sopraram,
E a ti, só lhe faltara o ato.

Vela pelo meu sono,
Vago por entre os vales inóspitos,
Inebriado em teus olhos pálidos,
Sou arrancado desse mundo cálido.

Em vida desejei,
Na morte encontrei,
Num frio e eterno ósculo nos despimos,
Em almas diáfanas nos fundimos.

Escravo do teu corpo
modelado em gesso
satisfaço minha boca
afogado nos teus beijos.

Alma em gesso.


Alexandre Pedro
29.09.2010

***Este poema tem seus DIREITOS AUTORAIS registrados na Biblioteca Nacional. Reprodução somente possível com pré autorização do autor, Alexandre N. Pedro.
http://www.bn.br/portal/index.jsp?plugin=FbnBuscaEDA&radio=CpfCnpj&codPer=15918944842

3 comentários:

  1. Alexandre, eu só queria saber, por que guardaste
    por todo esse tempo esse teu talento tão precioso? Desconfio que em tuas "gavetas" existe
    um livro inteirinho pra ser publicado, será que
    acertei? Estamos aguardando, viu?

    beijão

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  2. Oi, só agora vi os comentários de vc´s.
    Bípede, Cirandeira...fico tão feliz quando em minhas postagens vc´s dão seus ares. De verdade!
    Fiquei muito feliz por terem gostado do poema. Continuarei escrevendo, quem sabe, nasce um livro...
    Agradeço muito a força,
    Grande beijo

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