África explode-me diariamente no peito
Insinua-se no voo gracioso das garças
No caminhar altivo de flamingos rosa
Nas montanhas azuis riscando o céu
Ou basaltos negros aflorando a savana
Em mangas sumarentas de pintas pretas
Nos panos coloridos de mulheres jovens
Nas miragens quentes de fim de dia
Na terra vermelha sacudindo poeiras
Nos colibris e viuvinhas e zonguinhas
No serpentear preguiçoso de kamacoves
No grande vermelho mergulhando no mar
Vincando a direcção de Brasis tão próximos
Nas noites ensolaradas dos Cruzeiros
Sempre, sempre assinalando rumos sul
Nas cadências loucas de batuques nocturnos
Nas goiabas enormes derretendo sabores
Nos corpos suados de gente que se ama
Nos cacimbos esfarrapando as florestas
No olho brilhante e fixo das black mamba
Nos girassóis dançando valsas e boleros
Nos meninos gritando e correndo de alegria
Em fogueiras acendendo noites e almas
África explode-me diáriamente no peito
E eu, em cada dia morro de tanta saudade.
GED
Senti-me em África e nos Brasis. De Bissau a S. Vicente, de S. Tomé a Moçambique, do Benim ao Senegal, da Costa do Marfim à Argélia, da Bahia ao Rio de Janeiro. Belo retrato, sem tirar nem pôr.
ResponderExcluirE a sua África deixa a gente com fome de África, que abre o apetite da imaginação!
ResponderExcluirMuito bonito, Ged. Muito.
Beijo
Que coisa mais linda esse poema. Emociona, deu para sentir a África, e a sua dor pela saudade. Abraço.
ResponderExcluirEu é que agradeço, poder partilhar o que me vai no peito.
ResponderExcluirAbraço
GED