quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Não conheço nada do país do meu amado

Wilson. Santuário. Óleo sobre tela

Não conheço nada do país do meu amado
Não sei se chove, nem sinto o cheiro das
laranjas.
Abri-lhe as portas do meu país sem perguntar nada
Não sei que tempo era
O meu coração é grande e tinha pressa
Não lhe falei do país, das colheitas, nem da seca
Deixei que ele bebesse do meu país o vinho o mel a carícia
Povoei-lhe os sonhos de asas, plantas e desejo
O meu amado não me disse nada do seu país
Deve ser um estranho país
o país do meu amado
pois não conheço ninguém que não saiba
a hora da colheita
o canto dos pássaros
o sabor da sua terra de manhã cedo
Nada me disse o meu amado
Chegou
Mora no meu país não sei por quanto tempo
É estranho que se sinta bem
e parta.
Volta com um cheiro de país diferente
Volta com os passos de quem não conhece a pressa.


(Ana Paula Ribeiro Tavares - O lago da lua)

3 comentários:

  1. Tania, de que livro é???
    Adorei. Eu tenho um dela. Mas não lembro de ter lido esse poema. Mas eu ando bastante esquecida, então, pode ser que no meu tenha :)
    beijos

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  2. Lelena, eu não conhecia...Navegando ontem dei de cara com o http://betogomes.sites.uol.com.br/AnaPaulaRibeiroTavares.htm
    ...e me encantei. Anotada, então, na minha lista de aquisições. Porque amei.
    Beijos,

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