sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

É isso aí o que eu queria dizer...

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«A criação é um ato de amor, alguma coisa que se comunica a toda a humanidade. Um artista não pode fazer nada que contribua para piorar o mundo. Acho que tenho deveres para com as pessoas com quem convivo.
(...)
As pessoas estão hoje mais rudes e agressivas do que há alguns anos. Numa rua perdida, num bairro tranquilo, onde brincam crianças, um carro passa a toda velocidade pelo simples prazer de correr ou por qualquer outro motivo, indiferente a tudo e a todos. Se ao menos estivesse apressado para chegar a algum lugar. O aprendizado é difícil, a gente tem que se reeducar para não violentar os outros e para não nos deixar violentar. Apesar de tudo, a vida pode ser agradável para quem gosta do que faz. Ali em cima daquele piano há músicas inéditas que precisam de ser trabalhadas. Se tudo correr bem, se o avião não cair, a gente grava, a gente escreve, para deixar aí para os moços, para quem quiser e puder fazer melhor no futuro.
É isso aí o que eu queria dizer.”»

António Carlos Jobim


(Fragmentos da última página do seu depoimento às Faculdades Integradas Estácio de Sá, publicado pela Editora Rio, 1982, incluídas em António Carlos Jobim, Um Homem Iluminado, Helena Jobim)
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3 comentários:

  1. E a gente aqui vai escrevendo, lendo, ouvindo músicas, cantando com o teclado, vivendo :)
    Lindo, Leonardo. Há tanto tempo não lembrava do Tom, o Tom do meu passarim...
    beijos

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  2. Um texto primoroso e profundo esse que escolheste para nós, Leonardo. Tom Jobim tinha
    mesmo uma profunda consciência do que é ser um
    artista. Como poucos. Ainda não conhecia esse texto dele. Obrigada.

    beijos

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  3. Salve o eterno Tom e todos os tons diversos e plurais, os tons singulares, salva Leonardo e viva o máximo o mínimo!
    Beijos

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