domingo, 31 de outubro de 2010

Xeque-Viva


                 Não tenho culpa de jogar sobre ti o manto do meu ofício e de te perseguir feito um faminto, eu que não tenho  forma e flutuo e  que faço do teu corpo um nada, que tirá-lo não me sacia ou ilude, que as ilusões são tuas, e elas são tão frágeis quanto o teu esconderijo, porque, se quero, te vejo e, se quero, te levo e te bebo e te martirizo ou poupo ou poderia, mas tu aguças a minha admiração, e a minha admiração acorda a minha inveja, que me consome com sua gosma e me ordena que te massacre, que ela é impetuosa e conta os nós em um rosário de ódios e te quer, oh, moça, e te quer do avesso, amputada, podre e com vida.

Definições definitivas...


HALOGÊNIO - cumprimento dado a pessoas de Q.I. muito elevado.

"O Menino Que Carregava Água Na Peneira" ... Manoel de Barros



Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.

A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e sair
correndo com ele para mostrar aos irmãos.

A mãe disse que era o mesmo que
catar espinhos na água
O mesmo que criar peixes no bolso.

O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.
A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio
do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores
e até infinitos.

Com o tempo aquele menino
que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira

Com o tempo descobriu que escrever seria
o mesmo que carregar água na peneira.

No escrever o menino viu
que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo
ao mesmo tempo.

O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.

Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro
botando ponto final na frase.

Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.

O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!
A mãe reparava o menino com ternura.

A mãe falou:
Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.

Você vai encher os
vazios com as suas
peraltagens
e algumas pessoas
vão te amar por seus
despropósitos.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Fester flagrado em Buenos Aires pelo UOL

Em um furo jornalístico extraordinário, o UOL flagrou Fester rondando as cerimônias fúnebres de Kirchner!

Conselho de Educação Considera Racista Obra de Monteiro Lobato


Deu no Globo:

O livro "Caçadas de Pedrinho" de Monteiro Lobato, um dos maiores autores de literatura infantil, pode ser barrado nas escolas públicas. Segundo o parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) a obra é racista. A alegação foi aprovada por unanimidade pela Câmara de Educação Básica do CNE e foi feito a partir de denúncia da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial. O parecer do CNE será avaliado pela Secretaria de Educação Básica e a decisão final cabe ao Ministério da Educação (MEC). O livro já foi distribuído pelo próprio MEC a colégios de ensino fundamental pelo Programa Nacional de Biblioteca na Escola (PNBE).
Em nota técnica citada pelo CNE, a Secretaria de Alfabetização e Diversidade do MEC diz que a obra só deve ser usada "quando o professor tiver a compreensão dos processos históricos que geram o racismo no Brasil".


Publicado em 1933, o livro de Monteiro Lobato, um dos maiores nomes da literatura infantil brasileira, narras as aventuras da turma do Sítio em busca de uma onça-pintada. Conforme o parecer do CNE, o racismo estaria na abordagem da personagem Tia Nastácia e de animais como o urubu e o macaco.

Um dos trechos da obra que sustenta a argumentação do CNE diz: "Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou, que nem uma macaca de carvão". Outro diz: Não é a toa que macacos se parecem tanto com os homens. Só dizem bobagens." De acordo com Nilma Lino Gomes, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e autora do parecer, o livro deve ser banido das escolas ou só poderá ser adotado caso a obra seja acompanhada de nota sobre os "estudos atuais e críticos que discutam a presença de estereótipos raciais na literatura".

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Procura da Poesia - Drummond


Hoje participarei de um Concurso de Produção de Textos; e neste autor, e nesta palavras, especificamente neste poema, que busco a liberdade para minhas palavras. São deste texto que saem minha coragem para escrever, e é com base nele que meu fluxo de consciência fala audacioso.
Torçam por mim, amigos.
Abraço,
Alexandre Pedro

Procura da Poesia - Drummond
Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.

Tua gota de bile, tua careta de gozo ou dor no escuro
são indiferentes.
Não me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem de equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.

Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.

O canto não é a natureza
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.

Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.

Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e a
memória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.

Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.

Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível que lhe deres:
Trouxeste a chave?

Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.

Pássaro


                Pousa o seu pássaro sobre o voo da minha inquietação; une com a sua umidade as partes birfucadas pela lâmina das dúvidas e assombradas pela ausência das suas cores; deseja-me, cobiça-me, enche-me de açúcar para que a minha respiração se transforme em um verbo e conjugue, em suspiros, os espinhos e os tormentos que se escondem sob o meu corpo ainda sem jardim.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Escreva Aqui...O Que Essa Foto Te Fez Pensar Ou Sentir...

Ajuste musical

Dilma no limite!

Deu na Folha de S. Paulo

Dilma no limite

Fernando de Barros e Silva

"Vocês podem ter certeza, eu estou preparada para ser a primeira mulher presidente do Brasil". Foram as últimas palavras pronunciadas por Dilma Rousseff no debate da TV Record, já no início da madrugada de ontem.
Quando um evento como esse chega ao fim e, mais uma vez, ela parece ter sobrevivido, seus assessores só podem comemorar aliviados - ufa!
O fato é que Dilma não inspira certeza sobre nada. É aflitivo vê-la na TV. Não apenas pelo aspecto rombudo e robótico da sua figura. A aflição de Dilma está estampada no ritmo da sua fala, ao mesmo tempo lenta e acelerada, feita de arranques e soluços, de frases decoradas mas quase sempre truncadas.
Como o debate foi na emissora de Edir Macedo, falar em Deus pegava especialmente bem. E Dilma falou, mais de uma vez: "No que depender do meu governo se Deus quiser" - assim, sem pausas, sem vírgulas, sem ênfases, como alguém que se desincumbe de um fardo.
Dilma passa a impressão de estar no limite das suas capacidades, a um triz de um curto-circuito. Isso apesar da vantagem relativamente folgada que abriu sobre José Serra -56% a 44%, segundo o Datafolha.
Não se trata, certamente, de uma pessoa despreparada. Dilma tem substância. Mas não é, nunca foi, uma pessoa preparada para chegar à Presidência. É uma neófita. Nem de longe reúne os recursos pessoais para o exercício da função de seus antecessores - Lula ou FHC.
Sua candidatura representa a continuidade de um projeto, mas é também um capricho de Lula. Ninguém sabe como ela vai arbitrar conflitos, como irá gerir a máquina do Estado ou como se sairá enquanto líder política. A rigor, ninguém sabe qual a turma que ela pretende atrair para perto de si no poder.
A revelação de que Erenice Guerra fez da Casa Civil um centro de arte em família é um péssimo cartão de visitas para quem patrocinou a ascensão da ex-ministra.
Sobretudo quando se trata de uma candidata também aclamada no escuro.

Maça - Manuel Bandeira


Por um lado te vejo como um seio murcho
Pelo outro como um ventre de cujo umbigo pende ainda o cordão placentário
És vermelha como o amor divino.

Dentro de ti em pequenas pevides
Palpita a vida prodigiosa
Infinitamente

E quedas tão simples
Ao lado de um talher
Num quarto pobre de hotel.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Escreva Aqui...O Que Essa Foto Te Fez Pensar Ou Sentir...

Cleveland X Wall Street


Hoje...
fui à Mostra Internacional de Cinema...
e assisti a um grande documentário...
"Cleveland X Wall Street"...

Sinopse...
...Em 11 de janeiro de 2008, o advogado Josh Cohen e outros colegas de profissão de Cleveland decidem processar os 21 bancos que consideram responsáveis pela crise imobiliária que devasta a cidade. Inúmeros imóveis foram confiscados pelos bancos, que alegaram falta de pagamento dos financiadores. Mesmo com a abertura do processo, os advogados de Wall Street bloqueiam todos os esforços de levar o caso à corte. Uma encenação com a presença de diversos personagens reais envolvidos apresenta este julgamento que nunca aconteceu...

Definições definitivas...


AMADOR - o mesmo que masoquista.

Leda e o Cisne


Um pouco de mitologia:

Conta a lenda que Leda era uma jovem princesa, recém casada com Tíndaro, herdeiro de Esparta. Leda vivia a natureza, gostava de sentir os raios de sol tocando sua pele, a grama verde sob seus pés, sob olhares indiscretos dos deuses.
Certo dia, Zeus a caminho de Tróia, encontra Leda seminua na relva, e de longe, fica admirando sua beleza. Temendo assustá-la e de ser repelido, uma vez que era casada, Zeus transforma-se num lindo e imenso cisne, com belas plumagens para cortejá-la.
Leda fica de longe observando o cisne se aproximar.
Então, o cisne começa mexer suas penas com desenvoltura, numa tentativa excitante em conquistar a moça. Seus movimentos a fascina, a envolve.
Leda estava seduzida.
Então o cisne se aproxima e começa a tocá-la, a acariciá-la com suas plumas e seu longo pescoço.
Excitada, Leda deitou-se novamente na relva e aguardou que o cisne se deitasse sobre ela, e então se amaram.
Meses depois, Leda percebe seu corpo diferente, e de seu ventre saem dois ovos. Leda tivera quatro filhos de Zeus.
Hera, mulher e irmã de Zeus, com ciúmes, começa perseguir Leda e a proíbe de viver no reino. Assim, Zeus compensa Leda, convertendo-a em deusa e reservando-lhe um espaço no céu, na forma de uma estrela na constelação de Cisne.
Os filhos de Leda e Zeus, Castor e Pólux, tornam-se grandes guerreiros e amigos inseparáveis. Porém Castor (que herdou a mortalidade humana) perde a vida em uma batalha e Pólux (que herdou a imortalidade divina) suplica a Zeus que devolva a vida do irmão. Comovido com esta demonstração de amor fraterno, Zeus propõe a Pólux dividir sua imortalidade, alternando com o irmão um dia de vida e um dia de morte.
Assim os irmãos passaram a viver e a morrer alternadamente e Zeus os homenageia com a constelação de Gêmeos, na qual não poderiam ser separados nem com a morte.

Pólux x Castor
Sol x Lua

Por, Alexandre Pedro.

* A imagem acima é reprodução da obra "Leda e o Cisne", de um dos grandes modernistas, Vicente do Rego Monteiro (1899-1970).

The Beatles, Let it be

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Não Enche...de...Caetano Veloso



Me larga, não enche
Você não entende nada
E eu não vou te fazer entender...

Me encara, de frente
É que você nunca quis ver
Não vai querer, nem vai ver
Meu lado, meu jeito
O que eu herdei de minha gente
Eu nunca posso perder
Me larga, não enche
Me deixa viver, me deixa viver
Me deixa viver, me deixa viver...

Cuidado, oxente!
Está no meu querer
Poder fazer você desabar
Do salto, nem tente
Manter as coisas como estão
Porque não dá, não vai dá...

Quadrada! Demente!
A melodia do meu samba
Põe você no lugar
Me larga, não enche
Me deixa cantar, me deixa cantar
Me deixa cantar, me deixa cantar...

Eu vou
Clarificar
A minha voz
Gritando
Nada, mais de nós!
Mando meu bando anunciar
Vou me livrar de você...

Harpia! Aranha!
Sabedoria de rapina
E de enredar, de enredar
Perua! Piranha!
Minha energia é que
Mantém você suspensa no ar
Prá rua! se manda!
Sai do meu sangue
Sanguessuga
Que só sabe sugar
Pirata! Malandra!
Me deixa gozar, me deixa gozar
Me deixa gozar, me deixa gozar...

Vagaba! Vampira!
O velho esquema desmorona
Desta vez prá valer
Tarada! Mesquinha!
Pensa que é a dona
E eu lhe pergunto
Quem lhe deu tanto axé?
À-toa! Vadia!
Começa uma outra história
Aqui na luz deste dia "D"
Na boa, na minha
Eu vou viver dez
Eu vou viver cem
Eu vou vou viver mil
Eu vou viver sem você...(2x)

Eu vou viver sem você
Na luz desse dia "D"
Eu vou viver sem você...

Escreva Aqui...O Que Essa Foto Te Fez Pensar Ou Sentir...

Silencio



















Aquí empieza la intimidad que busco.

domingo, 24 de outubro de 2010

Definições definitivas...



Antes de deixar de beber nunca dormi com mulher feia, mas já acordei com várias.

Touch and Go ,Straight To Number One



Hermosa canción que dedico a lo que el Futuro y el Subjuntivo nos reserven...

Eddie Vedder...e sua música...Long Nights



Have no fear
For when I'm alone
I'll be better off than I was before...
I've got this light
I'll be around to grow
Who I was before
I cannot recall...
Long nights allow me to feel
I'm falling...I am falling
The lights go out
Let me feel
I'm falling
I am falling safely to the ground
Ah...
I'll take this soul that's inside me now
Like a brand new friend
I'll forever know...
I've got this light
And the will to show
I will always be better than before...
Long nights allow me to feel
I'm falling...I am falling
The lights go out
Let me feel
I'm falling
I am falling safely to the ground

Escreva Aqui...O Que Essa Foto Te Fez Pensar Ou Sentir...



ilustração de...
Julian Tamaki...

sábado, 23 de outubro de 2010

Definições definitivas...


O problema de não fazer nada, é que a gente nunca sabe quando acabou.

Plantando lembranças.



"Aqui onde muito se posta e pouco se lê, venho dar um pitaco de como foi sair de casa pela primeira vez. Espero que gostem!"


Antes de sair de casa por um longo período de tempo certifique-se de ter algumas coisas para perceber o tempo passar, para quando voltar perceber mudanças, perceber que se você não mudou algo se responsabilizou pelo devir. É importante que se tenha em mente que a mudança em si não é tão importante, importante sim é o crescimento, o desenvolvimento. Tenha alguém para se despedir, plante trepadeiras, deixe um amor já comprometido, crie animais, tire fotos, escreva textos e os guarde e não apague nomes na lista de contatos do celular. Se despeça de alguém para poder ser recebido quando voltar, olhe a cidade que você deixou, seja sensível ao que não é mais. Pegue o celular e ligue para os velhos amigo para perguntar como andam os velhos bares, saia em busca das novas bandas, novas músicas, conte o que aprendeu e repare. Tente medir a diferença que existe dentro deles, comparar as contradições dos pensamentos de outrora. Olhe o seu animal, como ele engordou ou emagreceu, como o pêlo está, os olhos amorosos, olhe os dentes maiores, passe as mãos nas patas e veja que já estão grandes, procure o primeiro pêlo branco. Procure o primeiro traço branco em você, nos amigos, na familia, nas fotos e nos textos já escritos. Veja nos textos o que é velho e precisa ser mudado, o que é velho e mantém o estilo, o que é velho mais ainda é verdade, mude o que acha que merece desaparecer. Reescreva, se a diferença é pequena, releia você mesmo. No final olhe a trepadeira, veja como ela se desenrola e se enrola, se prende; veja se você está mais preso ao “muro” ou as “raizes”. Por último, converse com aquele amor impossível e confirme se é mesmo impossível, se já evoluiu para um talvez, coloque no papel e guarde, assim você pode ir a novos locais e tentar algo a mais. Feito tudo isso, compre a passagem de volta, ou de ida, só depende de você, de onde você quer sua raiz. Boa sorte.


Arthur Sunhog Orsi


sexta-feira, 22 de outubro de 2010

BOM FIM DE SEMANA

AMANHÃ ORIGINAL (PARA SOSSEGAR ESPÍRITOS INQUIETOS)

Cães


             Eles chegam em matilhas. Uns passam por mim tão rápido que mal sinto seus cheiros. Vão direto até ela e o seu par de sapatos de cetim azul-céu; outros, não. Sinto seus olhos farejando minhas pernas, meu sangue e esse casaco arco-íris florido. A princípio, um bem-estar me alegra, mas o momento não é para a festas; ela segue silenciosa no caixão, quase a me convecer de que não há entre nós uma relação feita de ossos. E, por isso, comemoro minha parcial vitória distribuindo sorrisos. Que desfrutem, os cães, de meus lábios e de meus dentes brancos antes que eu me entregue a criatura de personalidade sintética e anti-alérgica que, devagar, já me devora.

Lembranças


Lembranças
(Raul Sampaio/Benil Santos)

Lembro um olhar,
Lembro um lugar
Teu vulto amado,
Lembro um sorriso
E o paraíso
Que tive a teu lado,
Lembro a saudade
Que hoje invade
Os dias meus
Para meu mal
Lembro afinal
Um triste adeus.

Sou agora no mar desta vida
Um barco a vagar,
Onde está teu olhar,
Onde está teu sorriso
E aquele lugar?
Eu devia sorrir, eu devia,
Para padecer ocultar,
Mas diante de tantas lembranças
Me ponho a chorar.

* Música de Raul Sampaio, gravada por Maria Bethânia em Rosa dos Ventos, onde ela insere esta música dentro da música "Minha História", de Chico Buarque; como se fosse uma lembrança da personagem que perde seu amado pro mar.
Após a espera pelo amado que não retorna, com seu vestido único e velho e a cada dia mais curto, a personagem que passa a ter uma vida de Cabaré, embala seu filho e por não se lembrar de nenhuma cantiga de ninar, embala seu filho com esta música de Cabaré. No final da canção, ela retoma a parte final de "Minha História ".
É de arrepiar, principalmente a parte em que ela canta num tom sufocante, o verso a seguir:

"Sou agora no mar desta vida
Um barco a vagar,
Onde está teu olhar,
Onde está teu sorriso
E aquele lugar?"

*Obra ilustrativa de José Leonilson.

Abraços,

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

eraOdito - Marcelino Freire


Livro de Marcelino Freire, "eraOdito", nos traz 88 frases, onde ele vai dizer o que não diz os nossos ditados, fazendo frases de efeito gráfico, mostrando o que está por trás, por dentro, no nosso subconsciente. O livro foi lançado em 1998, e adaptado para versão em vídeo ainda no mesmo ano. Foi selecionado oficialmente para participar do VI Festival Mundial do Minuto. Em 2002, foi adotado pelo Ministério da Cultura, para ser distribuído em todas as bibliotecas do país.
Vale conferir!!!
Abraços



Filigrana

Abro a caixinha de meus amores pequenos: miniaturas do amor improvável, pedacinhos de amor perfeito. Vivo agora de achar bonito amor mínimo.

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O novo disco da cantora portuguesa Sara Serpa

Ran Blake / Sara Serpa
Camara Obscura

A Jazz Magazine deste mês, que lhe atribui um choc (classificação máxima), não poupa nos elogios: «Brillante, áerienne, fraîche, pure (d'une impressionnante justesse jusque dans l'extrême aigu), exquisément juvénile...»

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Definições definitivas...


Carteiro feliz é aquele que gosta de sê-lo!

Duke...e sua música...Our Love Goes Deeper Than This



Beijos
Leca

A Vida, a Morte e a Sorte


O cartaz acima não tem nada a ver (ou tem?) com a crônica abaixo do gaúcho José Pedro Goulart publicada na Zero Hora de hoje.

O revólver e o relógio


São Paulo, duas da tarde, semana passada. Quando aqueles dois sujeitos, trepados numa moto, rasparam no táxi e pararam, pensei que iam pedir desculpas. Mas não era por gentileza que eles estavam ali. Por debaixo da jaqueta preta do carona, surgiu um grosso cano de prata. Antes de ser um acinte, um revólver é uma síntese. O coração é sangue. O cérebro é carne. A bala é aço.

Surpreendentemente não houve surpresa no assalto. Ambos, eu e o motorista do táxi, carregávamos em algum lugar da memória aquela espécie de lembrança de que algo assim está sempre por acontecer. O rapaz gritava e cuspia a ordem: “O relógio, me dá a porra do teu relógio!”.

Ou a vida. Mas isso ele não disse, quem afirmava isso era aquele revólver suspeitamente calado.

Foi então que eu abri a porta e pulei. Como pulam os sapos. Ejetado pelo medo, cerrei os dentes para trancar a passagem do fluxo ácido que o meu estômago mandava em resposta à carga de adrenalina despejada. Nem deu tempo de me arrepender da atitude – seria justo deixar o motorista só? Logo os motoqueiros me seguiram. Não havia dúvida, eu era a presa. Um gnu, um cervo, talvez o próprio sapo.

De maneira que me vi na rua, perante vários da minha espécie, mas por azar ou injustiça só eu era perseguido. Em momentos assim a manada se espalha. Cada um por si e aquele revólver contra todos. Corri para frente e esse erro quase me custou este texto. Nunca o berro esteve tão apontado para mim. Nunca o grito daquele rapaz foi tão ríspido: “Não foge, filho da puta”.

Isso é mentira. Isso eu não sou. Tenho meus defeitos e só eu sei o quanto me custam. Mas filho da puta, até aqui na minha vida pelo menos, garanto que não. Já fugir, não há nada que me impeça. Covarde seria se eu renunciasse à vida por uma bravata sem sentido. Então corri na contramão do fluxo, na contramão do destino, com o desejo de ainda ser a me empurrar as pernas e uma incerteza a me travar: “O Bem, o Mal. É tudo igual”.


Escapei da bala. Nunca saberei o nome do diabo que por instantes me teve na mira e o porquê de ele não ter atirado. Se bobeou, se apiedou-se ou se o trabuco trancou. Do episódio não tiro lição. Há a vida, a morte, a sorte e é só. Nada mais é que há.

Deponho por duas razões; uma, para afirmar que nenhum relógio, por mais caro que seja, vale o tempo que marca. E a outra, pela vergonha de que a minha vida possa valer o mesmo que vale um relógio.

Maria Elena Walsh, El señor Juan Sebastian



No son los ángeles que cantan
no son los pájaros ni el mar
es un señor lleno de cielo
el señor Juan Sebastián

Hace muchísimos inviernos
que lloriqueando en alemán
nació entre fusas y corcheas
el señor Juan Sebastián

Era chiquito y las canciones
que le enseñaba su papá
las repetía para siempre
el señor Juan Sebastián

Era gordito y con peluca
indispensable como el pan
y cascarrabias a menudo
el señor Juan Sebastián

Soñando en órgano y en clave
a su país angelical
llevaba a príncipes y a pobres
el señor Juan Sebastián

Está contándonos un cuento
que no terminará jamás
Dios le dictaba el arugumento
al señor Juan Sebastián

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Definições definitivas...


A julgar pelo que sonega, a prisão de ventre é a pior dentre as avarezas.

Elephant Parade London 2010





Sonho Impossível - Chico Buarque


Sonhar
Mais um sonho impossível
Lutar
Quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo
Cravar esse chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz?
E amanhã, se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão.

* Por mais que ouço Chico, me vejo sempre como aquela criança que vê seu filme favorito centenas de vezes seguida, e a cada cena,um olhar vidrado de surpresa e satisfação.
Abraços,
Alexandre Pedro.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Definições definitivas...


A diferença entre um credor e um devedor é que o primeiro tem uma memória muito melhor.

Carlos Drummond de Andrade Vs Chico Buarque de Hollanda


Carlos Drummond de Andrade, nascido em 1902 em Minas Gerais é considerado um dos maiores poetas brasileiros.
Do livro " A Rosa do Povo ", publicado em 1945, o poema "A Flor e a Náusea", assim como o livro, trata de uma época sufocante, um período em que o mundo deglutia a Segunda Guerra Mundial; e no Brasil especificamente, a Ditadura de Getúlio Vargas.
Drummond foi capaz de captar todo sentimento, dor e agonia desta época, e mais importante, conseguiu transformar tudo isso em poesia.
Drummond começou escrevendo muito cedo, foi funcionário público e escreveu até a data de seu falecimento, ocorrida aos 85 anos de idade.

E minha proposta é que você, caro amigo, compare este poema com a obra de Chico Buarque, "Rosa dos Ventos".
No primeiro poema ( de Carlos Drummond ), A Rosa é a representação de um mundo novo, em que o poeta acredita e que está por surgir. No segundo poema ( de Chico Buarque ), a Rosa representa a sociedade que já pode olhar para este novo mundo idealizado. Este Mundo chegou, e é a própria sociedade quem desperta, ainda que tarde, para o despertar de um novo tempo, e a esperança que já havia sido perdida, renasce com força no coração do cidadão oprimido.
Seria injusto colocar dois poemas do Drummond, contra um do Chico, mas a idéia não é de oposição, e sim de complementação; portanto no final desta postagem, colocarei um segundo poema de Carlos Drummond de Andrade, em que os dois poemas já citados ( Chico Vs Drummond ), dialogam perfeitamente. Me refiro ao poema " Áporo ".

A Flor e a Náusea
Autor: Carlos Drummond de Andrade

Preso à minha classe e a algumas roupas,
vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjôo?
Posso, sem armas, revoltar-me?

Olhos sujos no relógio:
não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo ainda é de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.

Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.

Vomitar esse tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma conta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres, mas levam jornais
e soletram o mundo sabendo que o perdem.

Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns ache belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária do erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.

Por fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.

Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

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Rosa dos Ventos
Autor: Chico Buarque


E do amor gritou-se o escândalo
Do medo criou-se o trágico
No rosto pintou-se o pálido
E não rolou uma lágrima
Nem uma lástima para socorrer
E na gente deu o hábito
De caminhar pelas trevas
De murmurar entre as pregas
De tirar leite das pedras
De ver o tempo correr
Mas sob o sono dos séculos
Amanheceu o espetáculo
Como uma chuva de pétalas
Como se o céu vendo as penas
Morresse de pena
E chovesse o perdão
E a prudência dos sábios
Nem ousou conter nos lábios
O sorriso e a paixão
Pois transbordando de flores
A calma dos lagos zangou-se
A rosa-dos-ventos danou-se
O leito do rio fartou-se
E inundou de água doce
A amargura do mar
Numa enchente amazônica
Numa explosão atlântica
E a multidão vendo em pânico
E a multidão vendo atônita
Ainda que tarde
O seu despertar

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ÁPORO ( Publicado em A Rosa do Povo )
Autor: Carlos Drummond de Andrade

Um inseto cava
cava sem alarme
perfurando a terra
sem achar escape.
Que fazer, exausto,
em país bloqueado,
enlace de noite
raiz e minério?
Eis que o labirinto
(oh razão, mistério)
presto se desata:
em verde, sozinha,
antieuclidiana,
uma orquídea forma-se.

Neste último poema, Drummond discursa sobre um inseto ( o áporo ) que vai cavando sem achar saída, vai perfurando o poema até a sua transformação numa orquídea, que perfura o asfalto. O que é uma tradução de uma sociedade que depois de tanta luta, tanto sofrimento, desabrocha pra um novo mundo de esperanças.
Há ainda uma visão política no trecho:

Eis que o labirinto
( oh razão, mistério )
Presto se desata:
Possível alegoria a Luis Carlos Prestes, que acabara de ser libertado pelo Regime Militar. Pode ser interpretado como o Áporo buscando caminho na pátria sem saída, que se tornou o Brasil durante a Ditadura de Vargas.

Espero que não tenha sido cansativo pra você, leitor. Pois pra mim foi um imenso prazer, fazer esta comparação.
Esta é uma postagem que fiz no meu blog Cárcere do Ser, e achei interessante postar aqui também, já que nem todos amigos que aqui estão, partilha comigo no Cárcere do Ser.
Convido a todos a visitarem meu Cárcere.
Abraço,
Alexandre Pedro

Carolina Aguirre, Facebook y el fin de los "ex"



















Hace poco, dos amigos se divorciaron. Me lo contó una conocida en común y lo confirmé por Facebook cuando vi que en donde antes decía "casado" ahora no había nada. Como se consideraban dos personas sabias y tenían dos hijos en común, decidieron seguir siendo "amigos" y tomarse la ruptura no como una pelea sino como "una bifurcación en sus caminos". O algo así le dijeron a todo el mundo.
Unos meses después, sin embargo, él empezó a salir con otra chica. Por discreción no habló del tema ni siquiera con su familia, pero su nueva novia (que también estaba en Facebook) subió las fotos de su cumpleaños, lo etiquetó en eventos a los que fueron juntos, habló de él en su timeline de Twitter, e incluso puso una foto de ella sentada a upa de él en su perfil.
Desde entonces, mi amiga pudo seguir toda la nueva vida de su ex marido como si la estuviera viendo en la tele. Aunque no lo buscara, su ex se le aparecía en las actualizaciones de Facebook todos los días. Leía los mensajes de sus colegas emocionados con la nueva pareja, los de la chica comentando lo que habían visto juntos en el cine, o de los parientes que él le había presentado el fin de semana anterior. Cada vez que la nueva novia lo etiquetaba en algo, automáticamente salía en su perfil: " Nueva novia etiquetó a Ex marido en una foto", " Nueva novia dice que le gusta esto", " Ex marido dice que le gusta lo otro", " Nueva novia es una gata. ¿Qué clase de animal serías tú?"
Podría haber cerrado su cuenta, es verdad, pero la tentación de hacer click y mirar era tan grande como la angustia que venía después. Tampoco tenía muchas alternativas. Quedaba mal bloquear al padre de sus hijos (¡que también tenían perfil de Facebook!) y no tenía ganas de ser una ex mujer despechada, así que se aguantó en silencio verlos besarse en el cumpleaños, leer los comentarios románticos de ella, y ser testigo de todas las salidas que registraban en foto.
Con el tiempo, mi amiga empezó a pasar noches enteras frente a la notebook, con una copa de vino en la mano, recorriendo las mismas fotos en busca de detalles para hacerse malasangre. Fueron de camping. De viaje a Colonia en fin de semana. La ayudó a mudarse. Le llevó el desayuno a la cama el Día de la Traductora. Todo, en su cara, todos los días, como una trompada en loop que no terminaba nunca.
Facebook es, no sólo una red social, sino una máquina del tiempo. Podés viajar a tu infancia y ver lo hecho bolsa que está tu primer novio, comprobar si fracasaron los matoncitos de la secundaria, recuperar parientes lejanos, o adelantarte y averiguar datos sobre una persona que van a presentarte el próximo fin de semana para salir.
Facebook está sólo en presente. Las ex parejas, los ex jefes, los ex amigos están siempre ahí, saludando en las fotos, en los eventos a los que estás invitado, en los muros de tus conocidos. Como Terminator, no desaparecen, no se los traga la tierra, no dan nunca el portazo. Viven volviendo, siendo, existiendo detrás de cada aplicación, de cada click, de cada juego, aunque afuera de la computadora ya no estén.
Las redes sociales hicieron el "hasta nunca" imposible. ¿Cómo no desterrar de tu vida a alguien que tiene tus mismos contactos si ellos le hablan todo el tiempo? ¿Cómo dejar atrás los recuerdos de un ex que coincide en todas tus preferencias, que se suscribe a las mismas páginas de música, que dice cosas inteligentes en su perfil? ¡Si está ahí, a uno o dos clicks de distancia, en el muro de un viejo amigo en común!
Afuera, en el mundo real, quizás la gente se separe y nunca vuelva a verse. El novio que te deja para irse a vivir afuera no existe más. Se sube a un avión y está en otro país, hablando otra lengua, a quince mil quilómetros de distancia, con otro número de teléfono, otra dirección, otros conocidos. Adentro de Facebook, para bien o para mal, ese novio viajero es tu vecino para siempre.

Especial para lanacion.com
Lunes 18 de octubre de 2010

Carolina Aguirre se recibió de guionista en la Escuela Nacional de Experimentación y realización cinematográfica (ENERC) en el año 2000. Es autora de los blogs Bestiaria (que se editó como libro bajo el sello Aguilar en 2008) y Ciega a citas que además de transformarse en un libro se transformó en la primera serie de televisión adaptada de un blog en español.
Actualmente es columnista del programa Mañana es tarde, en Radio del Plata AM 1030 y en su blog Wasabi , en Planeta Joy . Se encuentra trabajando en su próximo libro, que saldrá directamente en papel a fines del 2010.



Nota de Lisarda-Carolina Aguirre é uma excelente escritora e blogger.Recomendo visitar, além de Bestiaria e Ciega a citas, o seu blog Peleadora, em http://lapeleadora.com/

No wonder she ate the apple....

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Definições definitivas...


Junta médica é uma reunião que os médicos fazem nos últimos momentos de nossa vida para dividir a culpa.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão



O grande Arnaldo Antunes cantando "Vou Festejar" do Jorge Aragão, Dida e Neoci.

Chora, não vou ligar
Chegou a hora
Vai me pagar
Pode chorar pode chorar (mais chora!)
É, o teu castigo
Brigou comigo
Sem ter porquê
Eu vou festejar, vou festejar
O teu sofrer, o teu penar
Você pagou com traição
A quem sempre lhe deu a mão


La laia, la laia
La la la

Pensamento do dia... (profundo)


As duas mulheres se pareciam tanto, que todos pensavam que fossem gêmeas. Mas não: eram clientes do mesmo cirurgião plástico.

Riachos


Água da fartura, águas multiplicadas. Fronteiras em silêncio nos mapas da alegria. A voz sonora, o riso alternando abraços. Janela bem pequena por onde passa este instante de felicidade. Água da beleza. Um pássaro rotineiro que me acorda. Lembrança bem guardada de um cheiro conhecido. Lençóis hospitaleiros e banho quente. Meus pés matinais tocam um solo de veludo e glória. Águas pela face. A pureza bem próxima. O coração leve e o passeio pela casa. Olho os discos, os livros, as cores que preenchem estas paredes. A casa da água. A água familiar e a cidade que me abriga. Montanha que me provoca. Cachoeiras que me encantam. Sombras que me aguardam e o conjunto de águas frescas.


 

Emily Dickinson

"Não com um bordão um coração se parte.
Nem com uma pedra.
Um açoite
Tão pequenino que você não vê,
Eu o vi ferir,
Até a enfeitiçada criatura
Sucumbir.
Nobre demais é o nome deste açoite.
Não o digo jamais.

Magnânimo o pássaro
Visto pelo menino.
Cantou
Para a pedra que o matou."

Recebi de presente pelo dia do professor esse vídeo.
Foi Líris, amiga e colega de labuta quem me enviou.
Estou num momento triste, delicado,
aceitando convite para dar as mãos e saltar sobre o abismo.
Tô remendando esperança.

Feliz dia do professor!

Martha


Pronominais, de Oswald de Andrade

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro

Emergência, de Mário Quintana

Quem faz um poema abre uma janela.
Respira, tu que estás numa cela
abafada,
essa ar que entra por ela.
Por isso é que os poemas têm ritmo
- para que possas profundamente respirar.
Quem faz um poema salva um afogado.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Definições definitivas...


Passou anos de sua vida pensando que frigidez sexual era alguma coisa provocada pelo ar condicionado do motel.

Pri... Brilho dos Teus Olhos... 12 de Outubro de 2010.

Postado lá na Minha Casa, e agora aqui no Mínimo Ajuste. Para minha sempre criança: Priscila, minha Flor de Lótus, em 12 de Outubro vieste minha filhota com seu sorriso doce, com teu humor gostoso, mesmo longe ouço suas gargalhadas, vejo seu sorriso. Mas o 'brilho dos teus olhos' é o que mais me fascina. Obrigada por existir na minha vida. E, aqui fica o Poema e a canção que é nossa desde sempre cujo tema é dedicado a você. Na minha Colcha de Retalhos verá o início de sua história, mas que está apenas começando. São retalhos colocados com espaço para entrelaçarem com o que há de vir onde o tempo permitirá colocar muito bordados teus repletos de muita felicidade. E sei poderei a cada conquista tua apreciar, me encantar ao olhar o teu olhar e ver nele o brilho dos teus olhos. Mãe que te Ama até o infinito!
O Brilho dos Teus Olhos
 Eu quero te fazer uma canção
que fale do brilho dos meus olhos
e do pulsar do meu coração
quando vejo o brilho dos teus olhos

Eu quero te cantar em versos
e te transformar em poema
ao deslizar dos meus dedos
no teu rosto ameno e sereno
que me fascina, ilumina

Eu quero teu sorriso único
que sei quando é toda felicidade
Eu quero através dos meus
Sempre ver
O brilho dos teus olhos.
Apenas o início da tua história, que continua...
By: Lou Witt e Sílvia Costardi
Com meus Olhos a brilhar,
Sua Mãe, Sílvia

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Resgate dos mineiros


                                         Está descendo a cápsula de resgate aos mineiros chilenos. Se tudo der certo, o primeiro operário deve sair até a meia-noite. Eu não sei rezar. E agora está meio tarde para aprender. Mas desejo tanto que dê certo. Tanto.
Bípede Falante

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Votar nulo não é lavar as mãos. O voto nulo é para quem não quer legitimar este modelo neoliberal violento. O voto nulo é um voto legítimo para quem não quer continuar se contentando (enquanto população brasileira) a comer os farelos do bolo. O TRE tem tanto medo do voto nulo que diz que não é possível, etc etc...

Sinceramente, para mim, esconderijo era o que eu vinha fazendo há anos: escolhendo o que me parecia menos pior. As propostas e as ações de Dilma e de Serra não são significativamente diferentes, olha os slogans: um vai continuar o que Lula continuou de FHC e outro vai ampliar o que o governo Lula ampliou do governo FHC. No final dá tudo na mesma.
São tão parecidos que o PV pediu 10 dias para se decidir, rsrsrs...ô decisão difícil.
Não me interessam essas propostas.

Tinha muita afinidade com o PT, votei nele muitas vezes. E com paixão. Mas estou decepcionadíssima.
Fiquei triste em ver Wagner ser reeleito com mais de 4 milhões de votos. Isso legitima o bom governo que ele faz para os empresários. Br 324 privatizada, quem quiser fugir da Bahia, que vá a pé. Hospital do Subúrbio tão esperado e tão necessário: administração privada. Reconstrução do estádio: OAS, Odebrecht, com financiamento do BNDES (ahhhhh!!!!) e direito a mando de campo por 20 anos!!! Fora o fato absurdo dele não ter interferido na forma malvada, desrespeitosa e violenta que as barracas de praia foram destruídas. Fora a situação da nossa saúde. Fora o descaso com a educação. Fora a campanha cruel, escrota e indigna, visivelmente elitista que reserva aos dependentes de crack o caixão ou a cadeia. E os cordeiros continuam a puxar a corda para as grandes estrelas.

Hoje uma amiga me ligou me pedindo para votar em Dilma, pois "se Serra for eleito não conseguirá governar com a maioria do senado na oposição", que tipo de senadores petistas e aliados são esses??!! Essa guerra de aborto/não aborto só explicita isso: O PT dizendo: Quero continuar no poder! E o PSDB: Quero o poder de volta!! Não consigo ver diferenças importantes e alvissareiras que me levem a votar em um dos dois partidos. Porque a discussão é muito maior que Dilma ou Serra, deveria ser de idéias, propostas, etc....

Acho realmente assustador para a nossa democracia o PT levar 12 anos no poder! Mas mesmo assim não votarei em Serra.

Dizem que o PT está mais sensível as mazelas sociais. Não me parece. A reforma agrária não aconteceu, as chacinas contiuam matando, impunemente, as pessoas pobres diariamente nas periferias. As escolas públicas não conquistaram dignidade e respeito, continuam, de maneira geral, como instrumento para humilhar e colocar o boi na boiada. As pessoas continuam sem saúde pública, as crianças continuam abandonadas e violentadas nas ruas do país, as mulheres continuam sendo assassinadas por seus companheiros e as mulheres pobres continuam morrendo penalizadas por fazer aborto. Só me vem na cabeça agora, a voz de Lula dizendo para aquele rapaz negro, pobre e morador de uma favela no Rio: Tênis? Pra que você quer fazer tênis, porra? É esporte de elite!
Você viu esse vídeo? Cabral e Lula escutando as reivindicações desse rapaz de maneira totalmente jocosa, preconceituosa e racista?

Então é isso, a quem interessar possa: na eleição, direi: não ao neoliberalismo, não a Michel Temer, não a Collor, a Sarney, a Dilma, a Serra, Lula, Índio, Marina, Erenice, Zé Dirceu e quem mais se aliar.

Martha