quinta-feira, 15 de julho de 2010
Poema Só Para Jaime Ovalle - Manuel Bandeira
Poema só para Jaime Ovalle.
Por Manuel Bandeira
“Quando hoje acordei, ainda fazia escuro
(Embora a manhã já estivesse avançada).
Chovia.
Chovia uma triste chuva de resignação
Como contraste e consolo ao calor tempestuoso da noite.
Então me levantei,
Bebi o café que eu mesmo preparei.
Depois me deitei novamente, acendi um cigarro e fiquei pensando...
-- Humildemente pensando na vida e nas mulheres que amei.”
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* A imagem acima, é uma gravura do artista brasileiro, Goeldi, entitulado, Chuva. 1957.
Goeldi associa estados de alma à cor vermelha. Para os românticos alemães, na tentativa de decodificar os símbolos universais em termos de imagens - a sinestesia dos estados emocionais com as cores - caracterizava a cor vermelha como a cor da alegria. Assim, o artista produz uma obra luminosa, onde a alma fala num tom forte, numa demonstração clara de um compromisso com a vida.
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Tudo bonito, Alexandre. O poema, a imagem e tuas palavras.
ResponderExcluirfoi o poema mais lindo que ja ouvi na minha vida
ExcluirRenata, que bom que gostou...
ResponderExcluirO Goeldi é fantástico, e o Bandeira, espetácular...
Super abraço,
Alexandre
Essa tela de Goeldi parece até que foi pintada pra ilustrar esse poema, por sinal, muito bonito. Os dois eram muito amigos, Bandeira e Jayme Rojas de Aragón y Ovalle! Que nome pomposo, não é? Mas ele era paraense, de Belém(1896-1955), poeta e músico. Mas ele nunca escrevia seus poemas, dizem que ele era como que uma "ponte" para os poetas e escritores e era muito querido por todos.Muitos escreviam inspirados em observações que ele fazia Era
ResponderExcluirmuito místico também. Mas, pra variar, praticamente desconhecido pelos brasileiros em geral. Por isso, achei que seria interessante acrescentar esses dados aqui.
Muito boa a tua postagem
Bjs
também.
Quase semelhante à minha manhã:
ResponderExcluirchuvosa,
escura,
quase triste,
não fosse o sabor do café.
Só me faltaram
- e ainda bem -
os hábitos do cigarro
e das lembranças
de amores pretéritos.
De que me serviriam, afinal?
Melhorou a tarde
com Manuel Bandeira! : )
Beijo,
Doce de Lira
Cirandeira, como vai?
ResponderExcluirAdorei que tenha acrescido o post com suas informações...acordei com esta gravura do Goeldi, em mente, e o dia está com a cara deste poema do Bandeira...então, vim partilhar com vocês...
Valeu por comentar...
Super beijo.
Alexandre
Renata,
ResponderExcluirLindas suas palavras!!!
...minha manhã teve a mesma perspectiva que a sua...inclusive na ausência dos hábitos, e nas lembranças...
Que bom que gostou!
Super Beijo,
Alexandre
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAh, louca ironia de pensar, humildemente, sobre a vida e a quem se amou, como se o amor, o extraviado e extravagante ser da natureza, fosse modesto...
ResponderExcluirEsqueci de dizer. Para mim, a cor da alegria é o amarelo. Vermelho é a cor das ambiguidades do sangue, que tanto corre quanto coagula.
ResponderExcluirBípede...
ResponderExcluirTenho um carinho enorme pela suas palavras...
Que enigma o Amor, não?
Tão inconstante;
um único sentimento que nos transforma em vários...com a finalidade de nos sermos....um.
Obrigado por comentar...adorei,
Beijos
Ale
Concordo com Bípede. Alegria é amarelo. Vermelho é mais visceral, é intensidade, é a dor, é a paixão.
ResponderExcluirRenata, nós duas somos ervas da mesmo chão.
ResponderExcluirE com orgulho!
ResponderExcluirRapaz, tenho que concordar com a Bípede: a alegria é solar. O vermelho é quente, é vital, sanguíneo, mas também transita do crepúsculo para a noite. Adoro Goeldi. Era um expressionista fantástico! Sem suas gravuras a minha leitura do "Recordações da Casa dos Mortos", de Dostoiévski, não teria sido a mesma. Bom vê-lo lembrado aqui.
ResponderExcluirAbraços.
Marcantonio, minha edição do Recordações não tem ilustrações. De que editora é o seu livro?
ResponderExcluirEu acho fantástica a constação que ele tem ao chegar na prisão de que o pior que poderia ter acontecido a ele é estar sempre preso a alguém e não ter mais um único momento de solidão.
Olá, Pessoal!
ResponderExcluirConcordo com todos vocês parcialmente, pois ao meu ver, a cor que exprime alegria e vida, é o vermelho ( será que tenho um problema ? kkk ), mas devemos considerar que as cores vermelha, verde e azul, pode ter sua representação positiva e negativa.
Ao mesmo tempo que exprimi: atração, coragem, determinação, dinâmicidade, energia, excitação, calor, paixão, romance, sensualidade, sucesso...transmite também o negativo, a agressividade, a impaciência.
E discordo ao dizer que o vermelho representa a morte, pois pra mim, o sangue é representa vida.
E dessa forma que vejo esta Xilo do Goeldi.
Muito satisfeito fiquei por conseguir, de alguma forma, a discordância, e assim gerar essa discussão. Mesmo não havendo a intenção.
Adorei e agradeço à todos que carinhosamente acrescentaram este.
Com um forte abraço,
Alexandre
Alexandre, realmente, a sua postagem provocou desdobramentos interessantes. Parabéns.
ResponderExcluirBípede, são as Obras Completas e Ilustradas de Dostoievski, da José Olímpio, da década de 50. Uma herança fabulosa deixada por meu pai. O Recordações... é traduzido por Rachel de Queiroz. Goeldi ilustrou também O Idiota, com desenhos em vez de Xilos. Os outros ilustradores foram Axel Leskoschec e o paraibano Santa Rosa. Fantástico!
Ale...
ResponderExcluirO trabalho de Goeldi...sempre me fascinou...
não só pelo grande talento em xilo...mas...por achar as ilustrações...poéticas...dignas de contos de fadas...
Quando falamos em cores...é claro que como em tudo no mundo...alguns tentam categorizar...
criar classes...e símbolos...para tentar...
dessa maneira classificar as pessoas...
Acho tudo isso...uma tentativa frustrante...
porque cada um de nós é...único...um universo em si próprio...que dá significado...para suas próprias vivências...recordações...
cores...
Cada um sabe o que cada cor...cada sombra...
e cada ato...significa para si...
O que é mais produtivo?
Acreditar...que vermelho...é morte?
Acreditar que vermelho é sangue?
Acreditar que vermelho é fogo?
Prefiro um mundo honesto...onde cada um possa...achar do vermelho o que quiser...
Beijos...
em todos...
Adorei o post...
Adorei o debate...
Adorei tudo...
Beijos...
Leca
Ô de casa! Não conhecia o blog, caí aqui por (des) acaso ao confirmar uma postagem sobre Bandeira. Gostei do que vi e da forma como as pessoas comentam. Não vim para carregar bandeira, como Adélia Prado, mas volta-e-meia penduro uma como Volpi. Acredito nas ruas que sobem e descem e também nas feiras de domingo. Não acredito em Saci, mas minha avó já viu um. Acredito no eterno pensar do poeta sobre o amor e a humildade humílima que esse gesto produz. Assim, assim cheguei. Assim, assado me vou. Nailor Marques Jr
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