domingo, 25 de julho de 2010

[Andrea de Godoy Neto]

(artista: Anónimo de la Piedra - obra da série:Paisaje Cultural )


O Poço

Sentada à beira do poço, que habita minhas entranhas,
a ele lancei olhares, pedras, flores
lancei-lhe moedas (quem sabe fosse este um poço dos desejos?)
a ele lancei lamentos, pedidos, preces
quando mais agitada, a ele lancei meu grito
quando já mais calma, lancei-lhe beijos

Sentada à beira do poço, que habita minhas entranhas
já fiz de tudo,
lancei-lhe estrelas e nuvens, espadas e poemas
mas, nada retornou a mim
é muito profundo, o poço que me habita as entranhas

Agora, sentada à beira dele
lanço-lhe uma linha de pesca e espero
de tudo o que lhe lancei, algo eu hei de pescar
então vou me sentar e, pacientemente, aguardar
de tudo o que lhe lancei,
o que me há de retornar.



(Republicação daqui)


Leia mais: Andrea de Godoy Neto em Olhar em Versos e Inversos: O poço
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32 comentários:

  1. Lançaste tanta beleza, tanta coisa preciosa em
    "teu poço", que acabarás pescando algo valioso,
    certamente!

    Beijos

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  2. Bonito, mas na minha interpreta©ão senti tristeza por esse alguém que espera junto a um poço o retorno de algo que se atirou para a profundeza das àguas. Num poço habitam aguas paradas, sem vida e jamais ouvi falar de algo que tenha retornado de um poço. No entanto na tristeza destas palavras consigo encontrar a sensibilidade de quem as escreveu. Parabéns. Beijo

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  3. Quando já não se espera, alguma coisa volta.

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  4. E eu espero que ainda exista água nesse meu poço...

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  5. Cirandeira, assim eu acredito. Afinal, "pescamos" da vida o que a ela lançamos, não é?

    beijo grande pra ti

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  6. Ahh, Lou, mas o poço que habita dentro da gente é sem fundo, nada parado...um grande buraco branco repleto de tudo o que somos.
    É deste que espero o retorno de mim.

    obrigada por tuas palavras,
    grande beijo

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  7. Ignacio, esse é exatamente o espírito da coisa...

    abraço pra ti

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  8. Elias, creio que exista o que nós colocamos lá...

    um abraço

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  9. Tenho certeza disso, Andrea. Cada um de nós
    possui seu próprio poço, onde "depositamos" coisas boas e ruins, embora muitas vezes independa de nossa vontade. Associo esse "poço"
    ao nosso inconsciente, onde guardamos os nossos
    segredos..., muitas vezes inconfessáveis!!

    Beijooo

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  10. Será que lembraremos das coisas que retornarão? Serão outras, e nós, não?

    Só uma bobeirinha para seus lindos versos.

    Beijo.

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  11. Cirandeira, excelente essa associação. Afinal, onde mais depositaríamos nossas experiências, senão dentro de nós mesmos? E de onde mais eleas nos retornariam, não é?

    beijoss

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  12. Larinha, não tem nada de bobeirinha isso que dizes. É a mais pura realidade. Penso que as coisas que retornarem jamais serão as mesmas, assim como nós, que somos outros a cada minuto.

    mas afinal, o retorno de quem planta uma semente pode ser uma flor, uma árvore, um fruto...né?

    beijo.

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  13. Andrea,

    Quem semeia palavras colhe versos...
    Quem semeia caricias, colhe amor!


    BeijOOO
    AL

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  14. e é tãõ fácil nos perdermos quando nos voltamos para dentro de nós mesmos...

    beijos e agradecido pelas visitas ao Rembrandt

    abraço

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  15. À medida que vamos caminhando na vida vamos lançando sementes. Algumas germinam, outras nem tanto. O percurso vai-nos construindo, mas fica sempre a incógnita daquilo que nos espera, daquilo que conseguimos tirar do nosso poço.

    Gosto do seu jeito de fazer poesia.

    Beijo

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  16. Retornei pra desfrutar de teu lirimo...

    Lindo!

    Beijos, flor*

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  17. Nossa! Maravilhoso! Porque no poço há água pode ser pura e, se soubermos puxar o balde, ela há de nos refrescar e hidratar.
    Lindo. Lindíssimo e cheio de vida o seu poema!

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  18. imagem tocante essa do poço e da busca e das respostas,


    beijo

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  19. o que mais me inquieta nos poços é nunca saber que profundidade têm, se alguma vez os alcançaremos ou ainda se por detrás do espelho de água ondulante se esconde a luz. mas, pior que tudo, é quando o poço é o dióxido de carbono que não conseguimos deixar fugir das veias...
    um beijinho, andrea querida!

    p.s. elegantíssimo o teu renovado blogue.

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  20. Que lindamente fantasiosa
    essa ideia de pescar-lhe
    tudo que havia jogado ao poço!

    Beijo,
    Doce de Lira

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  21. Al, e quem semeia poesia, colhe pessoas encantadoras como tu?

    beijo grande

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  22. Juan, fácil mesmo. Parece que somos engolidos pelo imenso buraco sem fundo que nos habita.
    Ainda bem que a gente volta, né?

    obrigada a ti,

    beijos

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  23. AC, bem verdade que a incógnita existe, mas uma coisa eu sei... só não podemos tirar de lá o que nunca, lá, lançamos.

    gosto do teu olhar sobre minhas palavras

    beijo

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  24. Cris, vai ver estou aprendendo um pouquinho por viajar no teu trem.. =)

    beijo imenso

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  25. ô Bípede, obrigada!
    Sabe que eu gosto muito desse teu jeito de olhar as coisas? Acompanho os teus comentários em outros blogues, visão bem peculiar a tua :)

    beijos

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  26. Jaime, totalmente sem fundo...rs
    ainda bem, né? Me apavora a ideia de ser rasa.

    abraço pra ti

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  27. Assis, obrigada. Mas o que me toca mesmo é a tua poesia

    beijo, poeta!

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  28. Jorge, eu gosto mesmo é dos poços sem fundo...
    mas, querido, este dióxido de carbono é por demais tóxico, atrevo-me até a sugerir uma sangria...é terapêutica, e força o tecido sanguíneo a se renovar..renovado, ele transporta mais oxigênio.

    um beijinho de imenso carinho por ti, amigo poeta!

    p.s. Que bom que gostaste da nova roupagem =)

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  29. ah, Renata, obrigada!

    não sei se é fantasia ou esperança...mas algo há de sair de lá, né?

    beijo

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  30. Creio que a arte deve ser superada, que o artista tem que transcerder sua obra para que a sensibilidade esteja em toda ajornada, e a sociedade transformada.
    visite meus blogs:
    www.espadasepoemas.blogspot.com/
    www.esculturasbigarella.blogspot.com/
    www.arqbigarella.blogspot.com/
    www.culthumana.blogspot.com/
    www.mithoit.blogspot.com/
    obrigado

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  31. Parabens gostei muito, fiz vários blogs, mas você os definiu com maestria

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