Fazer o que seja é inútil.
Não fazer nada é inútil.
Mas entre fazer e não fazer
mais vale o inútil do fazer.
Mas não, fazer para esquecer
que é inútil: nunca esquecer.
Mas fazer o inútil sabendo
que ele é inútil, e bem sabendo
que é inútil e que seu sentido
não será sequer pressentido,
fazer: porque ele é mais difícil
do que não fazer, e difícil-
mente se poderá dizer
com mais desdém, ou então dizer
mais direto ao leitor Ninguém,
que o feito o foi para ninguém.
João Cabral de Melo Neto, Recife (1920-1999)
Reflexivo..
ResponderExcluirAbraços!
Obrigada pela visita, "Corvo".
ResponderExcluirSeja bem-vindo!
Abraços!
Amei a brincadeira do J.C.Melo Neto sobre a relação poesia/niilismo.
ResponderExcluirÓtimo post!
Abraço!
Não fazer é fácil, fingir indiferença é fácil...difícil é se expressar...e ser compreendido.
ResponderExcluirAdorei...
Bjs
Parabéns pelo ótimo blog...
ResponderExcluirBeijooo
Olá Andreia, obrigada pelo seu comentário.
ResponderExcluirJ.C. de Melo Neto, sabia brincar de uma maneira
profundamente séria! Os grandes poetas nos fazem refletir "brincando"!
Oi Alex, como dizia Noel, esse é que é "o X do
ResponderExcluirproblema."!
Bjs
Luíza, fico contente que tenha gostado do blog.
ResponderExcluirEspero que volte mais vezes, será sempre bem-vinda
Bjs
João Cabral: Parabéns! Amei...Útil, fútil, inconsútil, sutil, consútil, desútil, mutonútil
ResponderExcluir"E se me dessem - um dia - uma outra oportunidade,/ eu nem olhava o relógio/ seguia sempre em frente.../ e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas." Mário Quintana
Com carinho,
Sílvia
Fazer o que seja inútil sabendo que assim o é, exige um desprendimento e um coração que só quem o tem, compreende.
ResponderExcluirAdorei o poema.
Alias, adoro O JCMN.
Pois é, Sílvia, talvez o Quintana visse "o inútil das horas" de uma forma mais "suave" que
ResponderExcluiro João Cabral. A vida é mesmo multifacetada!!
Como diz Helena, é preciso "um desprendimento e um coração que só quem o tem compreende". Os
bons poetas têm essa capacidade. Os dois poetas
sabiam o que diziam...
Excepcional. Para mim, a arte é inútil, a poesia é inútil. A palavra que não sirva para as operações de compra e venda é inútil.
ResponderExcluirMas o inútil é o mais nobre, porque atende a si mesmo, faz-se integralmente para nada, já que não atende a nenhuma necessidade. Ainda bem que inúteis são o artístico e o lúdico.
Abraço.
Muito bom teu comentário, Marcantonio. Mas creio que a arte atende sim a uma nescessidade
ResponderExcluirmaior do ser humano, que não tem valor mercadológico, não tem preço. Desde o tempo das cavernas que o Homem vem produzindo Arte, não apenas para comunicar-se, mas também para
transceder a si mesmo e à sua realidade. E ainda bem que existem o artístico e o lúdico.
Se estiver equivocada ou não tiver entendido o
que quiseste dizer, por favor, me explica um pouco mais. Acho importantíssimo esse tema, além de muito instigante...
Bem, Cirandeira, eu me referi à necessidade prática. A arte é uma necessidade espiritual totalmente excêntrica em relação aos valores práticos e funcionais. Não tem função, e daí a sua grandeza e seu mistério. Isso não quer dizer que ela não seja emprestada para outras funções, algumas vezes até de maneira pouco nobre.
ResponderExcluirEu costumo dar um exemplo justamente recorrendo à pré-história. O homem, digamos, criou uma faca com a função de cortar. Mas quando entalhou o cabo da faca foi por um impulso inexplicável, apenas para gerar beleza ou outra necessidade espiritual qualquer. Mas o entalhe em nada melhorava a função da faca. Era inútil, nobre e belamente inútil. Se você quizer saber mais sobre o que penso dessa questão, vá até o endereço abaixo e leia o texto Arte e Autonomia 2:
http://cadernosdearte.wordpress.com/arte-e-filosofia/
Abraço!
Cirandeira...
ResponderExcluiradorei o poema...
principalmente esse trecho...
"ou então dizer...mais direto ao leitor Ninguém...que o feito o foi para ninguém."
Beijos
Leca
Eu também, não sendo poeta nem nada, muitas vezes tenho essa nítida sensação: faço nadas
ResponderExcluirpara ninguém...
brigadinha, Leca.
Um beijo