quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Aos visitantes e colaboradores do Mínimo Ajuste


Tempo


Quem teve a ideia de cortar
o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança
fazendo-a funcionar no limite
da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano
se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e
tudo começa outra vez
com outro número e outra vontade
de acreditar
que daqui para adiante
vai ser diferente...


Para você,
desejo o sonho realizado,
o amor esperado,
a esperança renovada.


Para você,
desejo todas as cores dessa vida,
todas as alegrias que puder sorrir,
todas as músicas que puder emocionar.


Para você, neste novo ano
desejo que os amigos sejam mais cúmplices,
que sua família esteja mais unida,
que sua vida seja mais bem vivida.
Gostaria de lhe desejar tantas coisas,
mas nada seria suficiente...


Carlos Drummond de Andrade

6 comentários:

  1. Lindo!!Obrigada pelas palavras belíssimas e pelo desejo que te levou à partilha.

    Um ano pleno para todos.

    Beijos

    ResponderExcluir
  2. O tempo se mede com batidas
    Rubem Alves

    O tempo se mede com batidas. Pode ser medido com as batidas de um relógio ou pode ser medido com as batidas do coração. Os gregos, mais sensíveis do que nós, tinham duas palavras diferentes para indicar esses dois tempos. Ao tempo que se mede com as batidas do relógio – embora eles não tivessem relógios como os nossos – eles davam o nome de chronos. Daí a palavra “cronômetro”.
    O pêndulo do relógio oscila numa absoluta indiferença à vida. Com suas batidas vai dividindo o tempo em pedaços iguais: horas, minutos, segundos. A cada quarto de hora soa o mesmo carrilhão, indiferente à vida e à morte, ao riso e ao choro. Agora os cronômetros partem o tempo em fatias ainda menores, que o corpo é incapaz de perceber. Centésimos de segundo: que posso sentir num centésimo de segundo?
    Que posso viver num centésimo de segundo? Diz Ricardo Reis, no seu poema “Mestre, são plácidas” (que todo dia rezo): “Não há tristezas nem alegrias na nossa vida”. Estranho que ele diga isso. Mas diz certo: o tempo do relógio é indiferente às tristezas e alegrias.
    Há, entretanto, o tempo que se mede com as batidas do coração. Ao coração falta a precisão dos cronômetros. Suas batidas dançam ao ritmo da vida – e da morte. Por vezes tranqüilo, de repente se agita, tocado pelo medo ou pelo amor. Dá saltos. Tropeça.
    Trina. Retoma à rotina. A esse tempo de vida os gregos davam o nome de kairós – para o qual não temos correspondente: nossa civilização tem palavras para dizer o tempo dos relógios: a ciência. Mas perdeu as palavras para dizer o tempo do coração.
    Chronos é um tempo sem surpresas: a próxima música do carrilhão do relógio de parede acontecerá no exato segundo previsto. Kairós, ao contrário, vive de surpresas. Nunca se sabe quando sua música vai soar

    ResponderExcluir
  3. Ci, que coisa mais linda esse post :) Deixou-me mesmo muito muito emocionada. Que o seu 2011 seja uma ciranda de alegrias, muitas alegrias!
    beijos

    ResponderExcluir
  4. Feliz ano novo!!!!!!
    Tudo de bom pra voce.
    desde esta distancia.
    Um abraço

    ResponderExcluir
  5. Parabéns pelo seu trabalho neste espaço de partilha em 2010 e faço votos que 2011 seja um ano cheio de sonhos concretizados!
    Um abraço

    ResponderExcluir
  6. É muito bonito este poema.
    Esse "indivíduo genial" que teve a ideia de "cortar o tempo em fatias" sabia que o Homem precisa de se renovar, de reiniciar o seu percurso, tentando ser mais feliz, de cada vez...

    Muita Paz!

    ResponderExcluir