(Presente inesquecível que recebi do querido amigo Ricardo, que retomo nas mãos e relembro).
Tudo começou numa floresta de jabuticabas...
Túrgidas, globosas e apetitosas. A égua primeiro sacudiu a crina fácil, vasta e branca como a neve do topo da montanha, e relinchou gostosamente, erguendo as duas patas para o mais alto do alto. As frutas maduras cobriam a pele dos troncos como incontáveis olhos, negros e brilhando, brilhando de cegar até o mais forte dos machos. Que mais fazer senão comê-las, devorá-las todas aos bocados, deixando o caldo cremoso e púrpura escorrer pelo seu pescoço de gazela-égua, longo e elegante como a haste delgada dos ciprestes em noites de lua cheia?
E assim a égua fez, não sem antes celebrar um sagrado e silencioso momento, comungando seu desejo, trêmula, com a terra-mãe, ciscando com as patas posteriores o chão e a relva macia da floresta encantada.
E depois, saciada e feliz como uma fêmea (retorcida de tão nua) que acaba de amar a si própria, com o corpo e as patas pingando a seiva doce e selvagem das jabuticabas maduras, atirou-se desembestada, de pura alegria e sem demora, para o alto da montanha que tudo havia testemunhado.
Tudo começou numa floresta de jabuticabas...
Túrgidas, globosas e apetitosas. A égua primeiro sacudiu a crina fácil, vasta e branca como a neve do topo da montanha, e relinchou gostosamente, erguendo as duas patas para o mais alto do alto. As frutas maduras cobriam a pele dos troncos como incontáveis olhos, negros e brilhando, brilhando de cegar até o mais forte dos machos. Que mais fazer senão comê-las, devorá-las todas aos bocados, deixando o caldo cremoso e púrpura escorrer pelo seu pescoço de gazela-égua, longo e elegante como a haste delgada dos ciprestes em noites de lua cheia?
E assim a égua fez, não sem antes celebrar um sagrado e silencioso momento, comungando seu desejo, trêmula, com a terra-mãe, ciscando com as patas posteriores o chão e a relva macia da floresta encantada.
E depois, saciada e feliz como uma fêmea (retorcida de tão nua) que acaba de amar a si própria, com o corpo e as patas pingando a seiva doce e selvagem das jabuticabas maduras, atirou-se desembestada, de pura alegria e sem demora, para o alto da montanha que tudo havia testemunhado.
(Ricardo Chemas)
Um texto rico em simbolismo, cheio de significados, de sensualidade, que me remete à liberdade de ser por inteiro, à feminilidade em
ResponderExcluirsua essência primordial!
Belo presente, Tânia, o mereces muito bem!
beijoss
Lindo texto mesmo, não, Ci? Sou suspeita, mas amo. O cabeçalho ficou show.
ResponderExcluirSe o mar adormecer em desvario
ResponderExcluirAs ondas não mais se formarem
Se as gaivotas se perderem do ninho
As árvores mais altas tombarem
Se o dia não encontrar a manhã
As nuvens deixarem de chorar água pura
Se as pedras da ilha roubarem a cor ao verde
As tua palavras deixarem de ser raiva dura
E passei para te deixar a minha palavra...
Doce beijo