quarta-feira, 11 de maio de 2011

NOITE

É tarde na minha noite, no hemisfério norte, ao qual não pertenço.
Sempre vivi a sul, até que numa das tantas voltas que o mundo dá, desaguei eu e os meus rios aqui. Ainda assim , não é aqui, nunca será aqui a minha foz.

Aqui, neste blog como noutros, tecem-se palavras, com mais ou menos jeito, mas tecem-se e cada ponto pode trazer alegria ou dor, dependendo do momento de cada um.
E as palavras, são sempre um bom refúgio. Depois de moldadas no mais intimo de nós, saem para a luz do dia e a partir daí nada as pode modificar.
O que está dito, está dito.
Mas, com o jeito de cada um, a clareza das mesmas pode ser modificada, cada palavra pode ser retocada, enviezada, tornar-se mais opaca, ou mais cristalina, pode transmitir afecto ainda que dissimulado, ou pode magoar.
A verdadeira sensibilidade está em ver para lá das palavras, perceber o seu sentido único sem margem para dúvidas e, isso é sempre muito difícil.
Quem o consegue, pode mesmo chegar a ser feliz.
Mas isso é tão raro.
Por isso é que os amores verdadeiros são raros, raríssimos.
E quando os queremos enumerar, é que vemos a sua raridade. António e Cleopatra, Pedro e Inês, José e Pilar e não me lembro de mais.
Se se lembrarem, ajudem-me.
Abraços.

2 comentários:

  1. É mesmo muito difícil o uso da palavra, às vezes um gesto é mais fácil que o uso dela.
    Como disse Chico Buarque em uma de suas canções,
    "Tantas palavras que eu conhecia e já não falo mais, jamais (...)Nós aprendemos palavras duras
    como dizer perdí, perdí. Palavras tantas nossas palavras. Quem falou não está mais aqui."
    Como tão bem disseste, "quem consegue pode mesmo chegar a ser feliz. Mas isso é tão raro."

    Abraços

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  2. Muito para aprender por aqui! Quando voltar tenho de estacionar por mais tempo. Então? localizou o sítio da viagem? Parte está na foto...Até mais tarde

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