quarta-feira, 18 de maio de 2011

Da série Posta Restante II


       Devagar. O envelope está encharcado. Quase vejo um coágulo. O envelope era colorido antes de partir. O papel era puro, havia uma leve textura e um perfume, o meu perfume. Quando eu o comprei, como me é de costume, alisei-o com a mão e depois o levei até o rosto, esse rosto de prosa, carta branca na superfície do afeto, submerso, perdido, sem gestos, sem lar e sem ninho.

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