quarta-feira, 18 de maio de 2011

Da série Posta Restante I


     Hoje acordei lerda nesse mar sem ondas, como nos sonhos em que sou invisível, aqueles sonhos em que flutuo pela sua casa e espio os gestos escondidos por detrás de suas palavras, as suas palavras derramadas em letras, em poemas desafinados de amor e rabiscados de verdades, meias verdades e inteiras mentiras, existem mentiras pela metade? E acordei decidida a trocar a xícara de café por uma de chá, uma de chá de frutas tão desambientado dessa água fria e frágil quanto eu, eu que preciso de camadas e camadas de roupa do mesmo jeito que preciso de camadas e camadas de zelo para suportar esse balanço, sensação de queda e desamparo em madeira firme, desamparo grudado às relíquias do afeto, capaz de alquebrar-se diante da natureza do que é inegável e que eu, a sua covarde, sei até quando mergulho, mas teimo, insisto, prometo nunca nada dizer.

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