Em vidas anteriores, há muito, muito tempo vivi junto do mar. O grande mar que tudo me deu e tirou.
Desde aí ficou-me o vício de, ainda que de modo errático fazer mergulho em apneia, apenas com "snorkel" e barbatanas.
Quem o faz, sabe tão bem como eu, que se fica no fundo até ao limite das nossas forças, às vezes até um pouco mais, e depois é a disparada vertical, em busca de um bocadinho que seja, de ar. E nessa altura os pulmões queimam.
Também, toda a gente que pratica sabe que há um momento de ilusão pura, no meio de tanta solidão e paz, que com um pequeno esforço até nos deixariamos ir e ficariamos ali para sempre. É apenas um fugaz momento, mas a vida de imediato reclama o seu preço.
Mas, eu sei que um dia, num mergulho qualquer da vida, me vou deixar vencer pela ilusão. A busca da paz derradeira pode ser uma obsessão, neste grande esforço que é viver.
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