POR ANTONIO FARINACI
Está em cartaz em São Paulo até o dia 10 de julho a exposição “Os Anos Grace Kelly, Princesa de Mônaco”. Com 900 peças, entre roupas, joias, fotos, filmes, documentos e outros objetos, a exposição traz um acervo rico sobre a trajetória dessa atriz que se tornou princesa de vida intensa e morte trágica. Extensa e abrangente, a mostra peca pelo descuido nos textos informativos e por fazer retrato “oficioso” de Kelly, uma personagem envolta em controvérsia.
A coleção traz dezenas de vestidos e joias usados por Grace Kelly, em filmes, festas hollywoodianas e bailes de gala das cortes europeias. Ela, como nenhuma outra personagem do século 20, teve ocasiões para usar esse acervo, no centro da alta-roda internacional, por pelo menos três décadas. Como atriz, ganhou um Oscar, foi a favorita de Hitchcock, fez parte da realeza do cinema norte-americano, colecionou namorados e se jogou em baladas cinematográficas.
Depois que entrou para uma família real de verdade, teve acesso ao grand monde reservado aos nobres europeus, festas da Cruz Vermelha, recepções de chefes de estado e bailes da corte, onde impressionava a todos com sua beleza e resistência ao álcool (segundo informa a biógrafa Wendy Leigh)
Depois que entrou para uma família real de verdade, teve acesso ao grand monde reservado aos nobres europeus, festas da Cruz Vermelha, recepções de chefes de estado e bailes da corte, onde impressionava a todos com sua beleza e resistência ao álcool (segundo informa a biógrafa Wendy Leigh)
Sua coleção de vestidos de festa é de cair o queixo, um ponto alto da mostra, com criações de Christian Dior, Balenciaga, Madame Grès, Hanae Mori e outros nomes do panteão da alta-costura. Está na exposição também uma réplica de seu vestido de noiva, criado por Helen Rose, ganhadora de dois Oscar de melhor figurino (por “Assim Estava Escrito” e “Eu Chorarei Amanhã”). O modelo é até hoje um dos mais copiados por noivas do mundo todo, seja pela recém-princesa Kate Middleton ou a cantora de axé Claudia Leitte.
A documentação fotográfica é extensa. São fotos de família, da infância na Filadélfia à corte de Mônaco, fotos da carreira de modelo, imagens promocionais para filmes, registros do casamento e fotos oficiais para o principado. Os filmes caseiros dão um vislumbre de Grace entre amigos, com os filhos e pessoas próximas. Lá estão, capturados em momentos de descontração familiar, seu irmão Kell, o bailarino Rudolf Nureyev, o ator David Niven, o príncipe seu marido, e outras personalidades do jet set da época (veja imagens na galeria acima).
Por ser organizada pelo Forum Grimaldi, sob os olhos do príncipe Albert, filho de Grace, a exposição tem um que de “chapa branca”. Nada é mencionado sobre seu affair com Frank Sinatra, com quem dividia um ninho de amor no balneário francês de Cap Ferrat, nem sobre as circunstâncias controversas que envolveram o acidente de carro que a matou.
A relação com o príncipe Rainier é igualada a um conto de fadas, embora biografias não autorizadas garantam que ela se ressentia pelo fato do príncipe ter vetado a exibição de seus filmes em Mônaco e ter podado suas pretensões de voltar às telas.
A relação com o príncipe Rainier é igualada a um conto de fadas, embora biografias não autorizadas garantam que ela se ressentia pelo fato do príncipe ter vetado a exibição de seus filmes em Mônaco e ter podado suas pretensões de voltar às telas.
Além disso, a montagem da mostra é um tanto confusa. Misturam-se peças originais, réplicas, cenografia e merchandising, sem que seja propriamente sinalizado o que é o que.
Afinal, a cadeira de rodas na sessão dedicada ao filme “Janela Indiscreta” é original? Por que o retrato creditado à atriz Gina Lollobrigida está invertido e teve o fundo alterado? Quem desenhou os sapatos? E a extensa coleção de chapéus? Precisava dedicar uma sala inteira a um merchandising da Hermès? Por que a legenda não informa que o vestido de casamento é uma réplica? O que representa a mesa de jantar com vídeos instalados dentro dos pratos? Aquela é a louça original da família Grimaldi? É uma réplica ou cenografia pura?
Afinal, a cadeira de rodas na sessão dedicada ao filme “Janela Indiscreta” é original? Por que o retrato creditado à atriz Gina Lollobrigida está invertido e teve o fundo alterado? Quem desenhou os sapatos? E a extensa coleção de chapéus? Precisava dedicar uma sala inteira a um merchandising da Hermès? Por que a legenda não informa que o vestido de casamento é uma réplica? O que representa a mesa de jantar com vídeos instalados dentro dos pratos? Aquela é a louça original da família Grimaldi? É uma réplica ou cenografia pura?
Essas são perguntas para as quais o visitante sai sem obter resposta. Maria Izabel Branco Ribeiro, diretora do Museu de Arte Brasileira da Faap, onde acontece a exposição, diz que as informações disponíveis são de responsabilidade do Fórum Grimaldi, centro cultural monegasco que controla o acervo de Grace Kelly. “Nós ainda traduzimos mais material para complementar o que eles nos forneceram”, informou Ribeiro ao UOL. “Provavelmente, nem eles sabem (responder essas perguntas)”.
Pode ser. Mas essa explicação é uma evasiva. Quem vai a uma exposição deve receber informações precisas sobre o que está vendo. Onde elas não existem, é preciso ser transparente. Não custa informar, por exemplo, que os designers dos sapatos são desconhecidos, se for esse o caso. O que não vale é confiar que os visitantes tenham antes pesquisado na internet quem foi Grace Kelly e o que representam as peças expostas.
Pode ser. Mas essa explicação é uma evasiva. Quem vai a uma exposição deve receber informações precisas sobre o que está vendo. Onde elas não existem, é preciso ser transparente. Não custa informar, por exemplo, que os designers dos sapatos são desconhecidos, se for esse o caso. O que não vale é confiar que os visitantes tenham antes pesquisado na internet quem foi Grace Kelly e o que representam as peças expostas.
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