Cigarra! Levo a ouvir-te o dia inteiro,
Gosto de tua frívola cantiga,
Mas vou dar-te um conselho, rapariga
Trata de abastecer o teu celeiro
Trabalha, segue o exemplo da formiga,
Aí vem o inverno, as chuvas, o nevoeiro
E tu, não tendo um pouso hospitaleiro,
Pedirás - e é bem triste ser mendiga!
E ela, ouvindo os conselhos que lhe dava
(Quem dá conselhos sempre se consome...)
Continuava cantando... continuava..
Parece que no canto ela dizia:
- Se eu deixar de cantar morro de fome...
Que a cantiga é o meu pão de cada dia...
Olegário Mariano, em "Últimas Cigarras", 1920.
Poeta pernambucano, nascido em Recife (1889-1958)
muito bom!
ResponderExcluir:)
Cirandeira, as cigarras seguem cantando e sendo julgadas com má vontade por aqueles que são por demais desafinados.
ResponderExcluirTambém acredito nisso...! mas com uma certa tristeza...!!!
ResponderExcluirachei belíssimo!
ResponderExcluireu sempre gostei mais da cigarra (na fábula, claro, porque na vida real este é um dos insetos pelos quais tenho fobia...sou capaz de me atira pela janela para não ter que passar por um...rs)
sempre achei um absurdo contar a fábula às crianças e levá-las a acreditar que todo mundo, para ser descente, tem que ser formiga.
Adoro fábulas...
ResponderExcluirA cigarra...sempre me pareceu um personagem...
Fabuloso...o trabalho dela para mim...sempre foi tornar o trabalho de todos menos enfadonho...
Beijos
Leca