Não, amar não, que amor exige entrega e entregar-se é morrer. Não é? Engano seu. Na entrega do amor – profunda, verdadeira – você deixa de existir enquanto ego, desata o laço que o prende com segurança e cai em vertigem interminável. Morre.
Quando ele me falou que sonhou com seu próprio velório e ressaltou que eu estava presente junto ao seu corpo, sorri por dentro, porque compreendi. Amar era o seu maior medo. Ele não sabia, porque esse quase terror estava mergulhado nas águas escuras do seu inconsciente e as feridas que o fizeram temer o amor vinham de muito tempo, da infância sofrida, quando lhe ensinaram a rimar amor com dor.
O corpo, ele entregava em êxtase. O coração jazia sob os escombros do passado. Um dia, desprevenido, afrouxou o laço que o mantinha seguro e sentiu um arrebatamento íntimo, como se lhe faltasse o chão, como se seu próprio corpo se fundisse com o outro corpo, e a respiração denunciou um algo desconhecido. À noite sonhou que morrera, e eu estava lá, acompanhando o corpo sereno, descansando na mesa, entre flores e lamentos.
Sim, amar e morrer são verbos que se irmanam. A metáfora do sonho escondia o começo de uma entrega, incipiente, a algo que parecia ser amor. Temeu, no entanto. Não à morte, mas ao amor. E recuou.
Um dia – assim desejo e espero – haverá de morrer sem medo.
Lindo, Tânia!
ResponderExcluirAssim também penso. Particularmente, tenho mais medo de amar que de morrer.
Beijos! Saudades!
Mirze
Mirze, querida, amar verdadeiramente é uma morte. É um fundir-se totalmente e desaparecer, para resurgir inteiro...
ExcluirBeijos pra ti...
Oh, que coisa mais linda!
ResponderExcluirChorei.
Vou levar lá pro face.
Sinto saudades de você por lá, Taninha.
Eu sou uma criatura destinada a saudade pelo jeito.
Beijoss
Eu também sou dada a saudades, Lelena. E sinto saudades de você, de vocês.
ResponderExcluirBeijos,
Ciao, i tuoi post sono molto belli, raccontano della vita. dei sentimenti, del senso vero o immaginario di ciò che ci circonda...
ResponderExcluirMi piacciono molto anche se non capisco tutto (la traduzione aiuta poco)...
Mi piace moltissimo la tua foto di apertura...geniale, louis Armstrong e la sfinge ..che coppia!
E ti ringrazio anche per aver trovato interessante e pubblicato il mio
dipinto di "amore eterno" (bello anche il tuo titolo!)
Ciao, ciao, Floriana
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirNão necessariamente amiga. Amor exige alguma entrega, mas não pode ser uma entrega exacerbada, certo ?
ResponderExcluirBeijo[ta] !
Há amores e há o Amor. Eis a diferença. Beijos
ExcluirPois eu também acho que o amor é VidA! Não acredito que duas pessoas possam fundir-se em uma, porque para se amar verdadeiramente
ResponderExcluiré necessário que saibamos aceitar as pessoas como elas são, sem que para isso seja necessário que uma das partes desapareça. Que nos entreguemos, sim, mas sem perder a nossa individualidade. E olha que conseguir isso já é uma grande proeza. De mais a mais, o Amor é
mesmo uma quimera, uma utopia...! É um constante vir a ser!
beijoss, Tânia
Ci, meu texto é um texto de sonho. Trata deles, dos sonhos. E a antrega ao amor aparece muitas vezes nos sonhos como uma morte. É mais comum do que pensamos. Não morte real. Morte das couraças que colocamos por medo de amar. Tudo isso é símbolo. Sonhos falam simbolicamente. Não é uma linguagem literal. É preciso entender a linguagem do inconsciente, totalmente simbólica. E temos nossos símbolos pessoais, assim como há os símbolos arquetipais. Pra mar é preciso muitas vezes "morrer". Que morra o medo do amor. E da morte. Beijos. Acho que a Lelena entende do sonhar...rs Penso que captou o sentido do texto. O sonhador é real, não fictício. E cada sonhador tem suas simbologias próprias. Não há certo ou errado nos sonhos. Há símbolos. Beijos, Ci
ResponderExcluirEu sei que é símbolo, Tânia, mas o símbolo não deixa de ser uma representação do que sentimos, do que pensamos; sei também que os sonhos são representações do que armazenamos em nosso inconsciente. Todos nós entendemos do sonhar, cada um à sua maneira, sem qualquer juízo de valor, de acordo com a história de cada indivíduo, mas também a partir de um arquétipo comum a todos. O Amor, o Amar é muito maior do que um sentimento que nutrimos (ou não) por uma pessoa, abarca tudo o que sentimos por nossos sememlhantes, por todos os seres vivos. Teu texto está muito interessante porque nos leva a repensar sobre esse sentimento tão controvertido e tão almejado por todos nós!
ResponderExcluirbeijoss
Belíssimo texto, muito bem escrito, inteligente, criativo!
ResponderExcluirGrande abraço e sucesso!
Obrigada pela leitura, Evandro.
Excluirabraços,
Muito bom, aplaudo!! ótima escrita a sua!!
ResponderExcluir[]s e parabéns!
Obrigada, Rafel.
ExcluirAbraços,
De extrema delicadeza o texto. Que bom que as palavras fluem com tanta facilidade das suas mãos (sei que você não escreve com as mãos)...
ResponderExcluirAbraços,
José Carlos