quarta-feira, 8 de agosto de 2012
Em defesa dos gays
E se tivessem proibido de nascer o francês Marcel Proust, gênio da literatura, por ser gay?
E se tivessem proibido de nascer o norte-americano Leonard Bernstein, gênio da música, por ser gay?
E se tivessem proibido de nascer o russo Nureyev, mago da dança, por ser gay?
O mundo ficaria mais pobre.
O mundo ficaria mais feio.
O mundo ficaria mais triste.
E, principalmente, o mundo ficaria mais injusto e se aproximaria do ideal genético sonhado por Hitler e os nazistas alemães.
Já não basta discriminar os gays pobres e anônimos, já que os gays ricos e famosos são aceitos?
Já não bastar criar uma espécie de prisão, feita com as grades da discriminação e do preconceito, contra os gays de modo geral?
Já não basta essa espécie de novo racismo contra o gay?
Já não basta?
O que o geneticista norte-americano James Watson propõe (dar à mãe o direito de abortar quando descobrir que o filho que vai nascer será um gay) é tão monstruoso, é tão brutal, é tão criminoso, que é difícil de acreditar.
É tão brutal, tão monstruoso, tão criminoso e tão ofensivo ao que a humanidade tem de honesto, que recorda Hitler e as experiências do sinistro dr. Joseph Mengele fazia com os judeus e outros prisioneiros dos campos de concentração nazista.
Como deram o prêmio Nobel de Medicina a um cientista como o dr. James Watson?
É preciso, é urgente, entender de uma vez para sempre (e quem escreve é alguém que fez uma opção sexual e existencial diferente dos gays), é preciso entender, repito e insisto, que os gays fazem parte, desde sempre, da cultura humanística da civilização.
Há uma contribuição gay em todos os setores da vida moderna.
O mundo não seria o mesmo sem os gays.
A literatura não seria a mesma.
A música popular e erudita não seria a mesma.
A moda feminina não seria a mesma sem os costureiros gays.
A elegância não seria a mesma.
O rádio, a televisão e o cinema não seriam os mesmos.
O mundo (sabia o dr. James Watson e todos os que pensam como ele) tem uma grande dívida com os gays. porque os gays embelezaram o mundo, tal qual fizeram outros segmentos discriminados.
Assim como o mundo tem uma dívida com os judeus.
Assim como o mundo tem uma dívida com os negros.
Assim como o mundo tem uma dívida com os latino-americanos.
Assim também o mundo tem uma dívida com os gays.
Mas se não houvesse uma dívida. Se não houvesse uma gratidão. Se houvesse apenas o direito que cada um tem de fazer suas escolhas, em todos os sentidos. Se fosse apenas isso, teríamos que protestar contra esse nazismo fantasiado de ciência defendido pelo dr. James Watson.
Os gays do mundo foram ofendidos.
As mães do mundo e os pais do mundo foram ofendidos.
Mas todos nós, que cultivamos o humanismo, todos nós que recusamos qualquer espécie, simulada ou não, de nazismo e de fascismo, temos de gritar.
Que os gays do mundo gritem.
Gritem os gays de todo o planeta.
Abaixo todo o tipo de preconceito.
Qualquer pessoa que nasce, seja o que for, é uma criatura divina, merece respeito - rica ou pobre, famosa ou desconhecida, talentosa ou não.
A condição humana foi ofendida pelo dr. James Watson!
Recebam os gays do mundo esta crônica como uma flor.
Roberto Drummond.
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Assino por baixo do Roberto Drummond
ResponderExcluirAssino também!
ResponderExcluirExcelente crônica!Concordo inteiramente com o Roberto Drummond e
ResponderExcluiragradeço ao 'mínimo ajuste' pela sua publicação, viu Lelena?
beijoss