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TERÇA-FEIRA, 24 DE JULHO DE 2012
ESBOÇO DO CAPITULO VI GELEIA
ESBOÇO DO CAPÍTULO VI
GELÉIA
Como camareira de hotel, Rosita já havia visto de tudo. Era impressionante como ela se transformava neste trabalho, apesar de maltratar seu corpo com tantas exigências. E certamente não ajudava tanto pelo salário baixo.
Era um trabalho que alimentava uma de suas poucas manias. Quase doentia, sua mania de bisbilhotar as coisas alheias começara desde criança. Lembra de cenas em que era repreendida pela mãe, quando visitavam amigos e ela ficava muito tempo trancada no banheiro. A mãe não sabia o que ela tanto fazia lá dentro, mas ficava bastante irritada, o que sempre lhe rendia uma surra ao chegar em casa.
Neste hotel, que era o mais luxuoso da cidade e cujo dono era um astro do futebol latino-americano, ela teve uma noção que permitia sofrer em sua pobreza sem tanta dor: não importava a classe social, na intimidade todos eram iguais no sexo e no amor. Perdera a conta dos inúmeros hóspedes cujo quarto ela deixava arrumados, de modo impecável.
[comentar aqui alguns casos e descrições, algumas curiosidades, com quem ela partilhava, medo de ser pega bisbilhotando, técnica para bisbilhotar sem perder a noção do tempo e sem ser descoberta pelos hóspedes.]
Para pra falar desta hóspede estrangeira, que chega sozinha, perde o café da manhã e manda lavar uma calça jeans manchada de café e tem muitos remédios na frasqueira. Sempre procurava usar uma técnica para olhar as coisas, e percebia quando o hóspede era sistemático, organizado, caótica, desligado. O limite para arrumar sem tocar muito nas coisas dos hóspedes era sempre uma ladainha nos ouvidos. Ignácio, o gerente meticuloso e exigente [cuidado com a rima] sempre insistia nisso. Falava em vários processos e problemas ocorridos com camareiras que não sabiam manter-se no limite.
Então, o mais difícil era controlar a curiosidade quando certos tipos de hóspedes não tiravam todas as coisas das malas e frasqueiras. Alguns até pediam que ela arrumasse tudo, a seu modo e isso era seu paraíso. Homens acostumados com mulheres maternais eram seus favoritos.
Esta hóspede facilitou até demais para ela. Na primeira manhã que chegou, perdeu o horário do café da manhã no salão e pagou por um café completo no quarto. Tinha obsessão pelo vermelho. Pela quantidade de roupas e sapatos ficaria um mês mais ou menos. Pelo tipo de roupas não viera a trabalho ou trabalhava em alguma profissão desconhecida para Rosita. O que mais lhe atiçara a curiosidade foi a quantidade de roupas íntimas e sensuais espalhadas no meio das roupas que foram espalhadas, na primeira manhã, logo depois de ter saído, logo depois de ter sido servido o café da manhã que ela mal tocou, o café da manhã que foi a primeira refeição de Rosita. Nesta manhã, o que ela encontrou foi insólito: todas as roupas, todo o dinheiro, todos os remédios, maquiagem, sapatos, livros, canetas, lápis, tudo que havia nas malas e na frasqueira, estava jogado no chão e nas duas camas de casal. Neste dia, Rosita teve de ligar para Ignácio antes de começar a arrumar. Explicou a situação porque não sabia por onde começar. E havia o aviso pedindo que o quarto fosse limpo. Ignácio também ficou sem saber o que responder. Sugeriu que ela apenas forrasse as camas e colocasse tudo nos lugares. Eles olhavam, perplexos, aquele caos. Era preciso limpar. Ignacio assumiu o que poderia ser um problema, pois observara que a hóspede estava bastante perturbada quando perguntou onde ficava o Mercado Municipal e também onde poderia comprar luvas vermelhas. Deixou Rosita com aqueles dois presentes. O café farto e a imensa quantidade de coisas que ela iria poder não só colocar no lugar mas também cheirar, sentir a textura, ser atacada no seu ponto fraco: a inveja de que existissem mulheres com tantos sapatos.
[melhorar a descrição de Rosita. Talvez descrever uma situação em que ela compartilha com alguém do hotel o que sabe sobre os hóspedes. Talvez haja uma intriga entre a recepcionista e o gerente e algum deles se beneficiará das informações que ela vai entregar, mas não de forma interesseira.
Eliana, que bárbaro um livro em andamento pra gente ler junto. Vou imprimir as partes porque, apesar de achar preciosa a Internet, sinto muita falta do toque no papel.
ResponderExcluirbeijoss