Eu fotografei a mala
Na volta da viagem impossível
fiz o inventário do que me pesava e
atravancava os passos e o caminho.
Eu fotografei a sala
não porque rima
mas porque foi neste cômodo
que olhei
peça por peça
cada pérola
do meu tesouro.
Eu fotografei a vala
a rima aqui é necessária
pois é o fim
de quem transpõe a sala
cheia de malas
e seus piratas.
Eu fotografei a falha
o viés, a fruta podre, a sopa rala.
Pesei, ponto por ponto,
a minha fala
e ouvindo,
de todos os sinos,
um chamado,
mirei exata a curva ladra.
Eu fotografei a data,
e fiz ensaios,
valsa emendada,
a dança torta,
a velha estaca,
o grito rendado
furos no espaço.
Eu fotografei a bala,
seu movimento,
função datada,
a sua cor, seu peso e fardo,
cada centímetro do
seu tamanho, ofício e prazo.
Até o momento
em que a bala
correu tão solta
e me fez:
nada.
Que impactante!!!
ResponderExcluirMuito bom.
Beijoss
Bípede,
ResponderExcluirsempre que escrevo algo que me parece algo, talvez bem escrito, trago para cá. O Mínimo Ajuste é um blog que tenho muita alegria de fazer parte.
Gracias.
Beijinhos
Ótima obra, Eliana!
ResponderExcluirMuito forte, bem escrita.
Grande abraço e sucesso!