segunda-feira, 23 de julho de 2012

Correio do tempo


Do uruguaio Mário Benedetti

No correio do tempo se acumulam
a paixão desolada/ o gozo trêmulo
e lá fica esperando o destino
a paz involuntária da infância/
há um enigma no correio do tempo
uma aldrava de queixas e candores
um dossiê de angústia/promissória
com todos os valores declarados

No correio do tempo há alegrias
que ninguém vai exigir/ que ninguém nunca
retirará/ e acabarão murchas
suspirando o sabor da intempérie
e no entanto/ do correio do tempo
sairão logo cartas voadoras
dispostas a fincar-se em algum sonho
onde aguardem os sustos do acaso

4 comentários:

  1. Nossa, Lelena! Telos à parte, mas fiquei sem ar.

    LINDO DEMAIS!

    Beijos

    Mirze

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    1. Mirze, esse é um livro raro. Um livro de poemas e um livro de contos.
      beijoss

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  2. palmas à tua seleção... o correio do tempo é viagem, sem teto ou chão...
    bjss,le le na,
    José Carlos

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    1. José Carlos, estou fascinada por esse livro.
      Pela ideia, pelo conteúdo, pela metáfora, pelo que ele representa.
      beijoss

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