terça-feira, 24 de julho de 2012

À noite o giro cego








À noite o giro cego das estrelas,

errante arquitetura do vazio,

desperta no meu sonho a dor distante

de um mundo todo negro e todo frio.

Em vão levanto a mão, e o pesadelo de um cosmo

conspirando contra a vida me desterra no meio

de um deserto onde trancaram a porta de saída.

Em surdina se lançam para o abismo

nuvens inúteis, ondas bailarinas, relâmpagos,

promessas e presságios,

sopro vácuo da voz frente à neblina.

E em meio a nós escorre sorrateira

a canção da matéria e da ruína.



Dante Milano, (1899-1991)

4 comentários:

  1. O sangue é um rio de ruínas que a gente camufla por entre as frases navegantes de palavras.
    beijos, Ci.

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    1. Disseste uma grande verdade, Lê, sentí na minha jugular :)

      beijoss

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  2. Hei de ter ouvido essa canção, que os versos trouxeram-me nostalgia!
    Beijos, Ci!

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    1. Quem sabe, não é. Tânia? Nossa memória é mesmo surpreendente, quando menos esperamos...:)

      beijoss

      P.S. mudei a configuração dos comentários do 'cirandeira', dá uma "testada" !!

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