RENASCIMENTO
Perdi todas as letras do meu nome
que foram levadas por um vento anônimo
meu nome,assim disperso e nômade,
longe de mim, mil países,
meu nome sem mim
trouxe a sentença
do silêncio.
E uma cegueira fulminante.
Perdi todas as luzes dos meus olhos
e os países deixaram de existir
e também todas as coisas
acopladas de cores,
e ainda,
fui perdendo o jeito
de andar pelos caminhos.
Perdi os caminhos, e então,
perdi o tempo,
e voz, tênue, quase ínfima,
nada dizia.
Perdi todas as letras do meu nome
e colho agora
letras emprestadas
dos nomes que me deram, depois que nasci.
Eliana, belíssimo poema.
ResponderExcluirRaro poema.
Estou emocionada.
beijoss :)
O título abraça intimamente o poema, que é, de fato, belíssimo. Um renascimento é algo muito mais forte, talvez, do que o próprio nascimento.
ResponderExcluirBeijos,
Lindo.
ResponderExcluirEliana,
ResponderExcluirEm algum momento [não muito cedo], nos renomeamos. Claro que os outros nos nomearão antes. Com nomes variados, diga-se de passagem. Este poema me remete à primeira metade de um rito de passagem xamânico: o índio "sábio" [um Sioux, por exemplo, um Dakota] "ouve o próprio nome" depois de um período de jejum, isolamento e confronto com os ancestrais; ou, se preferir, um confronto com "a memória e o legado dos ancestrais", ou seja: a soma dos nomes e hábitos herdados.
Um beijo, moça.
Maria, Bípede, Tânia e Marcelo,
ResponderExcluirsó ganhei alegrias com os comentários.
E Marcelo, me comoveu tua informação, porque estava hoje pensando muito em meu filho que passou por um ritual xamânico e fez um corte dos cabelos, um processo lindo, de uma busca dele mesmo.
Grata.
Muito lindo,maravilhoso e neste renascimento a luz se faz..bjs
ResponderExcluirGAGAU