sexta-feira, 4 de maio de 2012

Do Livro Tarde, de Paulo Henriques Britto

Toda palavra já foi dita. Isso é
sabido. E há que ser dita outra vez.
E outra. E cada vez é outra. E a mesma.

Nenhum de nós vai reinventar a roda.
E no entanto  cada um a re-
inventa, para si. E roda. E canta.

Chegamos muito tarde, e não provamos
o doce absinto e ópio dos começos.
E no entanto, chegada a nossa vez,

recomeçamos. Palavras tardias,
mas com vertiginosa lucidez -
o ácido saber de nossos dias.

3 comentários:

  1. Eu precisava muito de um modo de dizer isso a meus alunos na oficina de escrita criativa. E você me entrega entre presente.
    Grata.
    Beijocas.

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  2. Putz!


    Nós não vivemos aquelas interjeições primeiras, a não ser nas verdadeiras descobertas da infância... E olhe lá!


    Mas "vamos que vamos".


    ;)



    Um beijo, Lelena!

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  3. Não estou tão certa se "chegamos tarde", creio que cada um tem o seu tempo, a sua hora, e o que importa é que chegamos, ácida, azeda ou docemente o importante é chegar!

    beijos, Lelena

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