sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Escrito com tinta verde







A tinta verde cria jardins, selvas, prados,
folhagens onde gorjeiam letras,
palavras que são árvores,
frases de verdes constelações.

Deixa que minhas palavras, ó branca, desçam e te cubram
como uma chuva de folhas a um campo de neve,
como a hera à estátua,
como a tinta a esta página.

Braços, cintura, colo, seios,
fronte pura como o mar,
nuca de bosque no outono,
dentes que mordem um talo de grama.

Teu corpo se constela de signos verdes,
renovos num corpo de árvore.
Não te importe tanta miúda cicatriz luminosa:
olha o céu e sua verde tatuagem de estrelas.

Octavio Paz, México (1914-1998)
(Trad. Haroldo de Campos)

8 comentários:

  1. Meninas, que delícia de blog! Estarei sempre aqui...

    Beijinho!

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  2. Lindo poema, lindooooooo!

    O verde está em nossos sonhos, em nossos passo no caminho do futuro... Quando o branco é tocado pelo verde, há curvas, cores, tons misturados em amor...

    ótimo fim de semana

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  3. Não conhecia, confesso...
    Realmente belo esse verde, essa árvore...esse corpo...
    Obrigada!
    Bj

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  4. Que belíssima poesia, muito bem escolhida.
    Grande abraço e sucesso!

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  5. Ci, adorei o poema. E adorei a imagem de cabeçalho! Coisa mais linda e inspiradora :)
    beijoss

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  6. Muito bonito. Tinta a verde cri tudo o que nós quisermos...

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  7. "Verde que te quero verde. Verde vento. Verdes ramos.
    O barco sobre o mar e o cavalo na montanha...", Já
    sonhava Federico Garcia Lorca; que nossos sonhos acordem das nuvens e se tornem realidade!

    um beijo grande pra todos vocês e um bom final de semana!

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