0,9, 0,99, 0,999, 0,9999, 0,99999......
Aproximando-se cada vez mais da unidade,
acariciando-a sem conseguir tocá-la;
esta sucessão numérica é também poesia.
É como uma rima inacabada e suspensa,
como uma esperança sempre insatisfeita,
como um desejo que nunca se detém,
como um horizonte próximo, mas inalcançável...
Triângulos, círculos, polígonos,
elipses, hipérboles, parábolas,
soam em nossos ouvidos desde Euclides
como formas geométricas abstratas,
figuras ideais que convivem conosco,
porque também no amor existem triângulos
e no céu se desenha o arco-íris sem compasso.
Seguem sempre juntas linguagem e geometria
pois na fala se escondem as elipses,
nos livros sagrados se fala de parábolas
e nos poemas épicos disparam as hipérboles.
Números e formas, imagens e ritmos,
ordem e luz em versos e em teoremas,
com um toque supremo de harmonia,
estão juntas na memória dos tempos,
juntas estais matemática e poesia.
Gonzalo Sánchez Vásquez, Sevilha, 1917-1996
E há quem acredite que as letras estão distantes das exatas...Todas as coisas estão interligadas. Nada existe separado...
ResponderExcluirBeijão
É tudo tão abstrato, mão é, Marcia?
ExcluirA chamada ciência exata é pura abstração,
como a música, a poesia...!
beijos
Interessante o fato de o autor se utilizar da igualdade
ResponderExcluir0,999....= 1.
Belo poema!
Cristiano, ele diz: "acariciando-a sem conseguir tocá-la...", já que as duas(matemática e poesia)são uma abstração, não te parece?
Excluirobrigada pela visita!
beijo