domingo, 12 de fevereiro de 2012

Matemática e Poesia



Esses números que crescem e crescem sem descanso,

0,9, 0,99, 0,999, 0,9999, 0,99999......

Aproximando-se cada vez mais da unidade,

acariciando-a sem conseguir tocá-la;

esta sucessão numérica é também poesia.

É como uma rima inacabada e suspensa,

como uma esperança sempre insatisfeita,

como um desejo que nunca se detém,

como um horizonte próximo, mas inalcançável...

Triângulos, círculos, polígonos,

elipses, hipérboles, parábolas,

soam em nossos ouvidos desde Euclides

como formas geométricas abstratas,

figuras ideais que convivem conosco,

porque também no amor existem triângulos

e no céu se desenha o arco-íris sem compasso.

Seguem sempre juntas linguagem e geometria

pois na fala se escondem as elipses,

nos livros sagrados se fala de parábolas

e nos poemas épicos disparam as hipérboles.

Números e formas, imagens e ritmos,

ordem e luz em versos e em teoremas,

com um toque supremo de harmonia,

estão juntas na memória dos tempos,

juntas estais matemática e poesia.


Gonzalo Sánchez Vásquez, Sevilha, 1917-1996

4 comentários:

  1. E há quem acredite que as letras estão distantes das exatas...Todas as coisas estão interligadas. Nada existe separado...

    Beijão

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    1. É tudo tão abstrato, mão é, Marcia?
      A chamada ciência exata é pura abstração,
      como a música, a poesia...!

      beijos

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  2. Interessante o fato de o autor se utilizar da igualdade
    0,999....= 1.

    Belo poema!

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    1. Cristiano, ele diz: "acariciando-a sem conseguir tocá-la...", já que as duas(matemática e poesia)são uma abstração, não te parece?

      obrigada pela visita!

      beijo

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