terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Cem anos

Atis-Lusis, 1951


Vejo mãos que me folheiam

buscando-me a fisionomia —

mas já passei, agora

sou apenas poesia.



Vejo rostos que me amam

tentando saber quem fui —

sou um retrato, miragem

que o tempo dilui.



Vejo braços que me acenam

chamando-me insistentemente —

para que, se a folha que passa

passa tão de repente?


Antonio Brasileiro, pintor e poeta baiano.

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