terça-feira, 6 de março de 2012

A felicidade, a autoajuda e a fotografia nas redes sociais

Hoje em dia para se sentir a pessoa mais infeliz do mundo basta abrir uma conta no Facebook e sair adicionando os conhecidos. Se a melancolia e a depressão eram o mal do séculos XIX e XX, no presente centênio a tristeza é coisa, realmente, do passado. Explico.
No Facebook a felicidade transborda, sendo maior que a quantidade de areia encontrada no Saara. Todos têm a melhor família do mundo, os melhores amigos, os melhores empregos, os namorados(as) mais perfeitos, os melhores animais de estimação, o melhor gosto culinário, o mais apurado gosto músical, enfim, tudo responsável por tornar o indivíduo o ser mais feliz da face da terra. Os problemas, quando aparecem, dão as caras apenas durante a semana, pois de sexta a domingo, todos têm um final de semana perfeito.

Confesso que tenho inveja de tanta felicidade e me sinto mal por ser tão medíocre, enxergando a vida de maneira mais cinza. Admito que não encontrei no Facebook este gás hilariante inalado por todos. Meu final de semana, assim como meus amigos, estão longe de serem perfeitos. O domingo, então, não é tão feliz como o de todos os conhecidos da rede social. Para falar a verdade, é um dia chato que me causa desespero quando escuto a música de abertura do Fantástico e a voz do Zeca Camargo, ambas me lembram a melancólica e cansativa segunda-feira.

Além da felicidade extrema, no Facebook a autoajuda é também abundante. Pode-se dizer que as duas andam de mãos dadas. Afinal, como não ser feliz recebendo e escrevendo conselhos amorosos, profissionais, financeiros, etc. Há uma solução para tudo e para tudo uma explicação. Para isso, é só seguir a cartilha e, claro, ser feliz.

Penso também que nesse ambiente virtual tão feliz, os textos não bastam. É preciso, por meio de fotos, mostrar aquele final de semana perfeito, a família e os amigos mais felizes do mundo, usando aplicativos como Instagram para dar aquele visual retrô. Imprescindível , como ser alegre no Facebook, é tirar autorretratos e colocar uma legenda embaixo “estou terrível”. Ora, é primordial agir com modéstia enquanto aguarda um amigo feliz dizer que você está maravilhosa(o).

Se você está deprimido, talvez os anti-depressivos não sejam a solução. Para ser sincero, esqueça-os! O melhor mesmo é criar uma conta no Facebook e navegar em um mar de felicidade ao lado dos amigos mais perfeitos do mundo.

Lauro Drummond, em Literatura em foco

17 comentários:

  1. Cirandeira,


    Um dia a ficha cai. Ou, nos termos de um velho álbum de vinil [Jethro Tull, 1976]: "Too Old to Rock 'n' Roll: Too Young to Die!". Transladando o raciocínio para as redes sociais e o texto acima: Há um tempo em que se abandonam as poses, por puro descrédito ou cansaço. E segue-se, sem as ditas cujas.




    Um beijo.

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  2. Tomara, Marcelo, tomara! Afinal, tudo passa, mesmo que
    fique um rastro acentuado de estragos! Tudo tem o seu tempo, o seu processo, não é? Segundo um velho ditado que conheço, "se amarra o burro no rabo do dono"...rsrs

    um beijo

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  3. Como não tenho Facebook e sou uma iniciada nos blogues muito agradeço a tua explicação. Já sei como me sentir mais feliz: aderir ao facebook, ou não?

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    1. Pérola, cada um com o seu cada qual, não é?
      O artigo é do Lauro Drummond, eu apenas
      fiz a postagem, tá bom?

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  4. CI!

    Provei e não gostei. É a roda da vaidade. Amo as segundas feiras, detesto os domingos, cheios de futebol, faustão e etc...

    MUITO BOM!

    Beijos

    Mirze

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    1. Mirze, eu até ía provar, kkkkk, mas aí ví
      que tinha um "gosto" perigoso que não valia a pena provar e "pulei fora" antes de saltar...!

      beijosss

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  5. Eu acho que o facebook sabe muito mais de nós do que nós imaginamos!!!!!!
    È o que se costuma dizer por cá: um "fofoqueiro". È só passar um tempito por lá para compreender que todos sabem o que todo mundo faz – e esse, pode ser, também um motivo engraçado, mas também não nos podemos esquecer que a nossa privacidade acabou!!!!!– Será que realmente nós sabemos o que o Facebook sabe sobre nós?

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    1. Luna, o FB sabe tudo sobre TODOS e mais alguma coisa que nem TODOS sabem...rsrs

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  6. O texto retrata essa "felicidade de plástico" que a gente enxerga mesmo no FB. Verdade que ali há carentes, há pessoas que precisam aparecer, há gente que precisa contar sobre sua vida, enfim, há tudo, já saí e voltei, sairei, voltarei, sei lá...mas algo que compreendi, não com o facebook, mas com a vida, é que podemos, em qualquer lugar, ser medíocres ou não, verdadeiros ou não, discretos ou não, pedantes ou não, carentes ou não... No FB ou na vida, escolheremos sempre o que queremos ser. E não recomendo O FB a quem não está lá. Aliás, recomendar? Cada um sabe onde quer e pode estar. Beijos, Cirandeira, que não está lá, mas tem seu espaço íntimo que adoro frequentar e, sim, algumas vezes divulgo no FB para quem tem sensibilidade e gosta de ler o que é bom.

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    1. Tânia, querida, agradeço de coração tuas palavras carinhosas, tua divulgação, tua
      presença sempre muito bem-vinda no
      'cirandeira' (aliás, ultimamente meio rara, rsrs). Concordo com tua opinião sobre
      o FB, é um grande espelho que reflete muita
      coisa das pessoas, mas tem um outro agravante: a privacidade das pessoas é totalmente devassada, pelo próprio FB, todos os teus dados pessoais passam a ser PROPRIEDADE DA REDE, e não adianta sair, porque os dados permanecerão lá, para serem usados da forma que os proprietários
      acharem "melhor". Acho esse "detalhe" o pior de todos!

      beijos (saudosos)

      P.S.: o 'cirandeira' está atravessando um
      eclipse, temporariamente(?) ficará privado
      de aparecer...!? rsrs

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  7. Ando mesmo, Ci, dividida entre muitas paixões...rs Atribulada, em falta, novamente, com os espaços que amo, blogues queridos...Mas vamos acertando os passos aos poucos. E, sim, a sabedoria está em saber que em tudo há o positivo e o negativo. É colocar na balança e ver o que suportamos. Por enquanto, estou lá. Creio que estarei por algum tempo e me será útil em termos de divulgação de trabalhos, inclusive. Mas respeito a escolha de cada um, todos estão certos, afinal...rs Eclipse? Como assim? Não poderei ler? Me explica isso direitinho....rs Beijos, querida.

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    1. Poderás ler sim, mas apenas as postagens que já foram feitas; não sei QUANTO TEMPO
      durará o Eclipse, o blog entrou numa "faixa
      sombrosa", rsrsrs, está em "ponto morto"!

      beijos

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  8. A propósito, coloquei o link dessa postagem do Mínimo lá no face e achei interessante o comentário de Silvana Mendes, poeta que amo:

    "Entre o necessário e o impossível, o que for possível, resignadamente, é aceito. São sintomas ambíguos: ou a imunidade de quem muito sofreu, acreditou, esperou e hoje se está desiludido, desgostoso, ausente de sofrimentos. Ou, como já foi constatado nas evidências do "não estar nem aí, nem aqui, nem lá", SEM AMOR, NÃO SE MUDA NADA. Que venham as tempestades solares romper todas as formas virtuais de comunicarmos e talvez assim, possamos cada um no seu isolamento espontâneo, sair rua afora em busca de palavra, dos amigos, das inúmeras possibilidades de interação, de mão na massa, romper esta absurda realidade de ter ser tornado pedra: A Felicidade das Pedras."

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    1. Imperceptível e silenciosamente as pedras vão passando por tempestades, vendavais, maremotos, e vão se modificando através dos
      tempos. Muitas delas mudam de forma, outras
      permanecem intactas, já outras se transformam em poeira levada pelo vento, e
      saem viajando pelo Universo, roçando a face
      dos que perambulam desertos afora!

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  9. Tomara esse eclipse não se demore tanto...:-) Mas eu bem que espero o tempo certo. Beijos!!!

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  10. Imagine se fosse o contrário? Todos reclamando de suas vidas e expondo suas dores! Seria um show de horrores! A gente só mostra o que é bom e bonito! A alegria e o bom humor é contagiante tem mesmo é que ser mostrado! Desculpem os pessimistas de plantão mas eu quero mais é ver coisas agradáveis, bonitas, coloridas e perfumadas!!!
    Beijos

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  11. Eu gosto do face.
    Como tudo na vida, cada um faz nele o que faz em todos os lugares.
    Tem espaço pra todos. E jeitos possíveis pra todos, com maior e menor privacidade. Com ou sem afeto. Com ou sem valor.
    Eu adoraria te ter no face, Ci, porque ia te encontrar quase todos os dias :)
    E eu sinto sua falta.
    Muita!!
    beijosss

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