quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O autógrafo



Calma ao copiar estes versos

antigos: a mão já não treme

nem se inquieta; não é mais a asa

no voo interrogante do poema.


A mão já não devora

tanto papel; nem se refreia

na letra miúda e desenhada

com que canaliza sua explosão.


O tempo do poema não há mais;

há seu espaço, esta pedra

indestrutível, imóvel, mesmo:

e ao alcance da memória

até o desespero, o tédio.


João Cabral de Melo Neto

4 comentários:

  1. Os invito a visitar en facebook la pagina de LA MACULA PURPURA, titulo de la novela de Salmorelli.

    Un abrazo.

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  2. Mary, gracias por la invitación!

    un abrazo

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  3. Gosto muito da poesia de João Cabral, Fernanda.
    Que bom que também gostas!

    beijos

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