terça-feira, 25 de setembro de 2012

Não mais


Porque ainda estás aqui?
 ausente e de braços cruzados?
Muda, e de braços cruzados.
Porque sorri, enquanto
eu me despedaço?

Eu te quis tanto,
e depois, exausto,
fui caminhar no parque.
Cigarro apagado nos lábios,
discuti com o vento áspero,
com os bêbados da madrugada.
Inconformado falei com Deus.
Desesperado, com os sacos
De lixo na calçada.
Essa e a mágoa dos enjeitados?
Perguntei à estátua
do chafariz, que chorava,
(como se estivesse arrependida).
Ecos do passado,
 imagens diluídas,
e a súbita a revelação,
Não há culpado,
nem vítima, só uma.

Falta de sentido.

Nem por isso desdigo,
 não sou dessa natureza.
Antes fosse da índole ordinária
que no abandono,
retalha.
Voltar para mim é ser do mundo
Entre os vivos, (e suas leis imponderáveis).
E ainda assim, renitente,
arrasto a monstruosa sombra da
saudade.
Descobrir entre os sistemas da ilusão
e o plano físico, o quanto há de verdade
e mentira no invento anímico,
criador e criatura incapazes
de pressentir avisos.
Não me importa morrer
Sem testemunhas,
Sem coreografia funesta,
Se esta morte esquisita
Seja o último suspiro
da criatura faminta que ainda urra
na floresta.

De Paulo Tiaraju

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