quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Fábula



Minha pátria é minha infância.
Por isso vivo no exílio.

Talvez o barco contasse
deste percurso no tempo.
De como seria o escafandro
isento de tal mergulho.

Minha pátria é sob a pele:
Cargueiro no mar de névoa.
Antigamente os conflitos
não aspiravam ser.

De como fiquei trancado
na torre em que era dono.
E a certeza como faca
engolindo a própria lâmina.

De como se libertaram
os mitos presos na forca,
e o exato espanto vindo da terra,
dos gestos do imperador.

Cacaso, Rio, 1965.

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