Porque ainda estás aqui?
ausente e de braços cruzados?
Muda, e de braços cruzados.
Porque sorri, enquanto
eu me despedaço?
Eu te quis tanto,
e depois, exausto,
fui caminhar no parque.
Cigarro apagado nos lábios,
discuti com o vento áspero,
com os bêbados da madrugada.
Inconformado falei com Deus.
Desesperado, com os sacos
De lixo na calçada.
Essa e a mágoa dos enjeitados?
Perguntei à estátua
do chafariz, que chorava,
(como se estivesse arrependida).
Ecos do passado,
imagens diluídas,
e a súbita a revelação,
Não
há culpado,
nem
vítima, só uma.
Falta de sentido.
Nem por isso desdigo,
não sou dessa natureza.
Antes fosse da índole
ordinária
que no abandono,
retalha.
Voltar para mim é ser
do mundo
Entre os vivos, (e suas
leis imponderáveis).
E ainda assim,
renitente,
arrasto a monstruosa
sombra da
saudade.
Descobrir entre os
sistemas da ilusão
e o plano físico, o
quanto há de verdade
e mentira no invento
anímico,
criador e criatura
incapazes
de pressentir avisos.
Não me importa morrer
Sem testemunhas,
Sem coreografia
funesta,
Se esta morte esquisita
Seja
o último suspiro
da criatura faminta que
ainda urra
na floresta.
De Paulo Tiaraju
Excelente
ResponderExcluirsem mais palavras
Sim, morrer com fome e não de fome!
ResponderExcluirBeijoss, Paulo :)