No dia 28 de setembro de 2005, Tito deu dezesseis passos.
Hoje, dia 28 de setembro de 2012, finalmente, encontrei o livro do Diogo Mainardi: A Queda.
A Queda é uma escalada.
É a força e a garra de um menino, o pequeno búlgaro - um grande Tito - traduzida pelas palavras desse pai uterino como uma mãe.
Eu sempre li as palavras desse pai.
E sempre ri de sua caçada demoníaca ao Lula.
Ri pela argúcia exibida em suas sobrancelhas e palavras arqueadas.
Hoje, chorei.
Desaguei como o próprio autor revela no livro: aos pedaços, em nacos de tempo.
Ele, quando Tito ressuscitou, chorou, primeiro, por meia hora.
Eu, logo nas primeiras páginas, chorei por uns quinze segundos.
Ele, depois ter chorado por meia hora, chorou por mais uma.
Eu, depois dos meus míseros segundos, devo ter chorado uns quinze minutos.
E daí, de cinco em cinco, funguei até terminar a leitura.
Sim, li A Queda da primeira à última página sem parar como se o livro fosse meu.
Meu em um sentido mais profundo e mais íntimo.
Talvez, porque eu não tenha um pequeno búlgaro mas tenha um pequeno bípede com a mesma idade.
E com a mesma humanidade.
Com os mesmos cabelos pretos, os mesmos olhos pretos e também com muitos mesmos, e aqui começo a me tornar sentimental.
Vergonhosamente sentimental.
Vergonhosamente sentimental como o Mainardi se refere ao final do texto que publicou na revista Veja duas semanas após saber que Tito tinha uma paralisia cerebral.
Na época, escrevi a ele alguma coisa.
Vergonhosamente sentimental, eu suponho.
Mas escrevi.
E escrevi porque ser sentimental provavelmente é a minha única vergonha de que me orgulho.
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