Henri Cartier-Bresson
o dia amanheceu desolado
hora certa em descompasso
acelerada disritmia vertical
des-acordo que se ergue
no escuro noturno sem estrelas
teus olhos dormem
abertos teus sentidos mortos
vivos te perguntam:
- por quê? –
o que sangra nem sempre brota
embusteira sagaz e duvidosa
a vida desenraiza-te
germinando laços às vezes
nós enredados ensimesmados
mesclados ocultos dissimulados
fatalmente despertas:
insônia profunda!
E tu, palavra voz verbo
te manifestas como?
Tantas vezes quis expressar-te
invoquei em vão pronunciei
vocábulos imprecações raivosas
sentimentos incrustrados
nas paredes escorrega
dias de meu corpo
lanhado suado tenso
tecendo num frágil tear
emaranhadas linhas superpostas
quebram-se refazem uma teia
interminável
O que faço contigo, palavra?
se já não consigo conjugar teus verbos versos
teus restos mortais para
onde levá-los
para que sufocá-los
em papel sulfite celofane
de embrulho para presente
de ausências?
hora certa em descompasso
acelerada disritmia vertical
des-acordo que se ergue
no escuro noturno sem estrelas
teus olhos dormem
abertos teus sentidos mortos
vivos te perguntam:
- por quê? –
o que sangra nem sempre brota
embusteira sagaz e duvidosa
a vida desenraiza-te
germinando laços às vezes
nós enredados ensimesmados
mesclados ocultos dissimulados
fatalmente despertas:
insônia profunda!
E tu, palavra voz verbo
te manifestas como?
Tantas vezes quis expressar-te
invoquei em vão pronunciei
vocábulos imprecações raivosas
sentimentos incrustrados
nas paredes escorrega
dias de meu corpo
lanhado suado tenso
tecendo num frágil tear
emaranhadas linhas superpostas
quebram-se refazem uma teia
interminável
O que faço contigo, palavra?
se já não consigo conjugar teus verbos versos
teus restos mortais para
onde levá-los
para que sufocá-los
em papel sulfite celofane
de embrulho para presente
de ausências?
Verbos versos são acordes.
ResponderExcluirQue bela imagem, Ci.
As insônias empacotam mesmo as faltas.
Dão laços e laços em seus contornos.
E selam o que deveria escapar das caixas.
beijoss
Me senti tão dentro desse poema!
ResponderExcluirNão me entendam mal, é que sofro de insônia, de vez em quando, e já tiro de letra. É mesmo uma lindeza, gosto demais dele.
Beijos
A palavra, ás vezes, saltita e dificulta a escrita e ainda mais a imaginação mas...levada pelo vento, seja pelo que for, ela permanece no coração!
ResponderExcluirBeijo
Graça
"o que sangra nem sempre brota"
ResponderExcluirCi, o que fazes com as palavras é isso: uma lindeza...
Tenho te lido no Cirandeira. Insisti e teimei noutro dia querendo comentar o Drummond: em vão.
Mas ando ali, saiba.
Beijos,
as piores não são as que gritamos, são as que nos ficam atravessadas na garganta, presas no peito
ResponderExcluirbeijo
Minhas queridas, no momento só posso dizer que fico muito agradecida por me lerem!
ResponderExcluirum grande beijo pra todas vocês
O eterno Bresson!
ResponderExcluirAmo!
Bonito texto.