segunda-feira, 11 de junho de 2012

Inacessibilidade lojas Centauro

Resposta que dei à loja Centauro, agora a pouco, quando eles me procuraram para dialogar sobre minha reclamação na última sexta-feira:

Bom dia, me chamo Carlos Eduardo Oliveira do Carmo (Edu Oliveira no facebook) e fiz uma reclamação, nas minhas redes sociais, sobre a loja Centauro, sexta-feira. Agradeço de antemão a disponibilidade de diálogo.

Pela segunda vez tenho problemas com a citada loja no Shopping Barra-Salvador. Sou cadeirante, autônomo, viajo sozinho para todos os lugares, sou coreógrafo e dançarino profissional com um relativo reconhecimento aqui na cidade pelos trabalhos que desenvolvo. Acho importante destacar essas coisas porque todos sabem que sou uma pessoa independente e que sou militante pelas causas de acessibilidade, inclusive, estou fazendo mestrado sobre políticas públicas de inclusão, justamente para poder ter conhecimento e tentar mudar a consciência e as atitudes de alguns setores da sociedade.

Na referida loja, ela segunda-vez, fui impossibilitado de efetuar o pagamento da minha compra porque não há nenhum balcão rebaixado para atendimento ou para cadeirante, ou para anão, ou para qualquer outra pessoa que tenha uma estatura menor, quer seja deficiente ou não. Eu já fiz esta reclamação anteriormente, mas me parece que a loja não compreende que desta forma exclui alguns clientes que não podem se dirigir ao balcão.

Na ocasião, eu estava acompanhado de minha irmã que perguntou à funcionária do caixa onde era o atendimento preferencial. Esta, em tom de ironia, sem ter me visto porque o balcão impede, perguntou se seria para minha irmã este atendimento. Esta apontou em minha direção e eu comecei a balançar os braços para que a funcionária pudesse ver que existia alguém ali embaixo. Fomos informados que qualquer caixa era preferencial e no momento do meu atendimento, não pude efetuar o pagamento porque a máquina do débito não tinha fio que chegasse até a mim para digitar a senha. Queriam que eu digitasse minha senha de maneira que todas as outras pessoas que estavam atrás de mim conseguiriam ver algo que é sigilosa e pessoal. A pessoa do caixa chamou outro funcionário que ao ser questionado por mim, informou que o balcão é padrão em todas as lojas Centauro. Ou seja, TODAS AS LOJAS CENTAURO descumprem uma lei de acessibilidade que prevê atendimento preferencial às pessoas com deficiência. Resolveram então mudar a máquina e foram, no momento do atendimento, tentar fazer a máquina sem fio funcionar, não tenho conhecimentos tecnológicos para entender como estava sendo feito isso. O fato é que, após ajustarem aquilo, me deram uma máquina que não processou minha compra.

Diante do constrangimento e do aborrecimento, saí sem poder levar a bomba para encher o pneu da minha cadeira de rodas, irritado, com a certeza de que nunca mais entrarei nesta loja.

Sem mais

Edu O.

4 comentários:

  1. Edu, que episódio!
    Fez muito bem de redigir esse texto.
    Tem de denunciar essa falta de respeito, de cuidado, de competência, de tantas coisas.
    Super beijo
    Lelena

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  2. Edu,


    A primeira coisa que observo no teu relato é uma padronização no atendimento da funcionária. Padronização em padrão baixo. As tais funcionárias e funcionários [penso nos funcionários de banco, inclusive] parecem seguir um script, inábeis para averiguarem bem cada solicitação, antes de saírem com uma resposta pronta. A pergunta de sua irmã sobre o local de atendimento e a resposta dela ["é pra vc?!", ou "é para a senhora?!"] me faz pensar se eu solicitasse uma calça GG em alguma loja e o vendedor fosse argumentar se aquele seria o meu número mesmo... Aqui em São Paulo somos bombardeados por profissionais de telemarketing que cumprem um script decorado tão à risca que se perdem se forem interrompidos, retomando o discurso de onde pararam.


    Quanto à Loja em si, a esta rede, o negócio é boicotar, da mesmíssima maneira que as tais cooperativas que batizaram o leite com água oxigenada deveriam ter sido levadas à falência pelo repúdio massivo e maciço dos consumidores. A instituição que viola regras e direitos merece ser posta à margem. Vamos rever o conceito de "marginalizado", nessa sociedade de casuísmos jurídicos e da "mentira com papel timbrado". Eles sempre têm as suas alegações. Empreteiras, por exemplo, têm suas alegações, quando uma obra superfaturada do metrô aabre uma cratera no meio da rua, matando pessoas. E por aí vai, em todos os ramos. Não conheço essa rede de lojas, não sei se existem em Sampa. Mas o negócio é não-deficientes reclamarem [não só os necessitados do atendimento preferencial] e, em dependendo da atitude, boicotarem. Brasileiro tem dificuldade de assumir o boicote massivo, coletivo. Essa atitude [boicote] faria muitas instituições [indústrias, laboratórios farmacêuticos, cadeias de supermercados, lojas, etc] reverem seus atendimentos e prestação de (des)serviço.



    Um abraço!

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    1. Oi Marcelo, eu costumo boicotar todos os estabelecimentos e serviços que não considero adequado e a divulgação deste texto é com o intuito de, pelo menos, fazer as pessoas tomarem conhecimento e quem sabe se solidarizarem, conscientizarem... mas aqui é muito difícil. tudo é "meu quinhão primeiro". obrigado.

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  3. Parece incrível, porque para uma loja - um negócio que deveria se interessar pelo bom atendimento dos clientes - não dá para entender uma atitude dessas.
    Bom a gente saber dessas coisas, para evitar tais estabelecimentos.

    Abraço, Edu.

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