terça-feira, 22 de novembro de 2011

Miguel Otero Silva, Soneto exótico
















Muchachita sportiva y bibelot,
astro del basket ball y del cocktail,
con tanta sal como la femme de Lot
y tanto fuego como el mismo hell.

Musa del charlestón y del fox trot
que vas a misa y lees a Voltaire,
que pones tu ilusión en un Peugeot
y no distingues entre amor y flirt.

¿Qué culpa tengo yo, si demodé
biznieto de Rodolfo, el de Murger,
no sé pedir amor con I love you?

Hélas! Pero a mi tierno je t’adore
respondes con un seco never more
como el cuervo del trágico musiú




Nota de Lisarda- Na página de Antonio Miranda-http://www.antoniomiranda.com.br- lemos o seguinte depoimento sobre Otero Silva (1908-1985):
Quando eu morava em Caracas, no final da década de 60, Miguel Otero Silva era já uma das maiores personalidades das letras e do jornalismo venezuelanos. Escritor reconhecido, dramaturgo e poeta respeitado, e proprietário do jornal mais influente da país — El Nacional. Homem da chamada “Generación del 28”, de origens marxistas e defensor da democracia. O jornal dava espaço generoso para as artes e a literatura.

Por casualidade, pelas mãos de Blanca Alvarez, que era diretora da Biblioteca Nacional (onde eu trabalhei), cheguei à diretoria do Ateneo de Caracas, a principal instituição privada da cultura do país. E a presidenta era justamente Maria Teresa Castillo de Otero Silva, então esposa do escritor e mãe de seus dois filhos. Estive com o escritor em sua casa em mais de uma oportunidade, numa delas em companhia de Darcy Ribeiro, numa homenagem ao visitante Miguel Angel Astúrias, que acabava de ganhar o Prêmio Nobel de Literatura. Nunca cheguei a ter intimidade com escritor, mas ganhei dele um exemplar do livro de poesias La Mar que es el Morir (publicado em 1965).

Mas nossas obras se cruzaram, por casualidade. O Ateneo montou sua sátira Don Mendo, sob a direção do talentoso diretor de teatro argentino Carlos Gimenez. E Carlos dirigiu meu texto Tu País está Feliz, com músicas de Xulio Formoso, e revesávamos, nos mesmos dias, o mesmo palco, até que o nosso sucesso acabou merecendo substituir a peça do grande escritor na temporada seguinte.

El Nacional, por obra e graça de Maria Teresa, abriu-nos as páginas com muitas e sucessivas reportagens e entrevistas sobre nossas montagens, viagens, prêmios

2 comentários:

  1. Maravilhoso soneto e explicação da nota.

    Beijos

    Mirze

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  2. Muito obrigado, Mirze!
    Há mais sonetos em sonetero.blogspot.com e muito etcétera em lisarda.blogspot.com.

    Beijo,
    Ignacio

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