eis a ponte
Na outra margem alguém me espera
com um pêssego e um país
Trago comigo oferendas desusadas
entre elas um guarda-chuva
de umbigo de madeira,
um livro com os pânicos em branco
e um violão que não sei abraçar
Venho com as faces da insônia,
os lenços do mar e das pazes,
os tímidos cartazes da dor,
as liturgias do beijo e da sombra
Nunca trouxe tanta coisa,
nunca vim com tão pouco
eis a ponte
para cruzá-la ou não cruzá-la
e eu vou cruzá-la
sem prevenções
Na outra margem alguém me espera
com um pêssego e um país.
Mário Benedetti, Uruguai (1920-2009)
MUITO BOM!
ResponderExcluirHá muitas pontes na vida. Atravessá-las é o que precisa ser feito.
àrabéns!
Beijos
Mirze
Adoro o Benedetti. Tenho alguns livros dele.
ResponderExcluirbeijosss
É uma travessia que muitas vezes nos dá medo, e
ResponderExcluiralgumas talvez não valha a pena atravessar...!?
beijos, Mirze, e obrigada!
Qual será o autor que ainda não tens? :)
ResponderExcluirbeijoss, Lelena
Pontes, sempre elas, sempre a respiração suspensa: cruzá-la ou não... Ci, muito lindo!
ResponderExcluirLelena, passa teu endereço e diz o horário de tuas ausências, que vou assaltar tua biblioteca! :-)
beijos,
Eu também vou junto, Tânia :))
ResponderExcluirbeijos