sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Cerração



              Cerram-se as abstrações  sobre o balcão em que coloco a leilão as minhas lágrimas desaguadas em velhas garrafas de vinho e fermentadas na humildade do corpo, do corpo sempre submisso à autoridade da fome, corpo centro de mesa, corpo fadado à ruína, corpo dor e mente, corpo sempre tão só. Cerram-se as nuvens em um pedaço de terra e de ternura inesgotável em sonhos, presas cadentes em meio a madeira da noite, ranhuras de mistérios enraizados, percepções, desenhos de um alma esculpida à mão.


4 comentários:

  1. LINDO DEMAIS!

    Mercedes chega a emocionar, como se sentisse cada palavra

    Beijos

    Mirze

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  2. Maravilha!

    Não sei se é Mercedes que salienta o texto ou o contrário.

    Poesia em todo sentido.

    Forte abraço!

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  3. Tua "cerração" abriu as comportas lacrimais do
    meu ser e adentrou por todos os meus poros; meu
    corpo sempre tão fragilizado sentiu-se como uma espuma a evaporar-se no ar, aquele ar rarefeito, disperso, que sempre se vai ad infinitum...!
    Belíssimo, esse teu texto, e muito melancólico...!

    beijoss

    P.S.: achaste o post "leda e o Cisne" violento?
    O poema, ou as imagens, ou tudo junto? Conheces
    o mito? A história da violência humana existe desde que o Homem nasceu :)

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