Homem curvado sobre violão,
Como se fosse foice. Dia verde.
Disseram: "É azul o teu violão,
Não tocas as coisas tais como são."
E o homem disse: "As coisas tais como são
Se modificam sobre o violão."
E eles disseram: "Toca uma canção
Que esteja além de nós, mas que seja nós,
No violão azul, toca a canção
Das coisas justamente como são."
Não sei fechar um mundo bem redondo.
Ainda que o remende como sei
E chegue quase ao homem que não cantei.
Canto heróis de grandes olhos, barbas
De bronze, mas homem jamais cantei.
Ainda que o remende como sei
E chegue quase ao homem que não cantei.
Mas se cantar só quase ao homem
Não chega às coisas tais como são,
Então que seja só o cantar azul
De um homem que toca violão.
Wallace Stevens, Pensilvânia(EUA) - 1879-1955
Tradução de Paulo Henrique Britto
Imagem: "La tristesse du roi", de Henri Matisse.
Bela junção do texto coma obra Fauvista de Matisse.
ResponderExcluirUm belo olhar sobre a arte.
Abraço
Merci!, Aclim -:)
ResponderExcluirUm homem e um violão são a perdição! :)
ResponderExcluirbeijoss
É só "o cantar azul de um homem que toca violão"! :)
ResponderExcluirbeijos
que delíciosa imagem poética!
ResponderExcluir