quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

FERIMENTOS

Ah, você já foi ferido. Eu também. Que bom, não é mesmo? Uma vida inteira e sair ileso? Não quero. Dor passa, e daí se ela virar cicatriz? Cicatrizes não doem, quem sabe vez ou outra, quando o tempo estiver úmido. E daí se a dor não ensinar nada? Vivemos para continuar errando, inclusive. Viva a liberdade de fazer tudo errado. Por opção, e não por desconhecimento. Crescer é conhecer, nunca foi sinônimo de entender. Eu ainda não entendo uma porção de coisas, sabe? E também não fico tentando prever reações e acontecimentos. Regras limitam muito. Prefiro não acreditar nelas. Que venha a dor, que doa quando - e enquanto - tiver que doer. Aflição é esperar por algo que pode nem acontecer. Ah, você já foi ferido. Eu também, querido. E não sinto pena de nós dois. Nem raiva de quem nos feriu. A quantos ferimos também? Quem está na vida é pra se ferir, inclusive. Você quer a notícia boa? Não é porque alguém te machucou que todos vão te machucar. A ruim? Podem fazer pior do que isso. Podem tentar te matar. Podem conseguir. E você pode escolher. Se quer continuar acreditando nas pessoas e sorrindo para as antigas cicatrizes das decepções, ou se quer se proteger da dor em troca de uma pele intacta.

4 comentários:

  1. Não quero nada intacto... Hoje li uma frase da Martha Medeiros sensacional, quase tanto quanto seu texto:
    Quero seguir desfazendo as virgindades que ainda carrego, quero ter sensações inéditas até o fim dos meu dias...
    E eu acrescentaria, quero todas as cicatrizes a que tenho direito. E daí se elas doerem? Então vou me lembrar do que vivi e que vivi o que tinha que viver.
    Acho vc o máximo, menina!
    Estava com saudades de vc.
    Quero te desejar um ano feito sob medida pra vc ser feliz e realizar sonhos que te façam se sentir realizada.
    Beijkas e meu carinho.

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  2. Eis aí uma perspectiva de quem disse sim à vida, sem falseá-la com belezas ilusórias ou fealdades fantasmagóricas.

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  3. No te das una idea lo que me molesta no entender bien el idioma en el que está todo tu blog escrito. Porque quiero leer todo y comprendo que sí me gusta, pero no puedo llegar al extremo de comentar cada posteo. Igual valoro las imágenes que elegís para acompañar los textos. Un saludo, Emma

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  4. Odeio quem quer se proteger da dor. Já disse, nascemos para sangrar. Eu pelo menos.

    Lindo texto, como sempre são.

    PS: que faço para publicar aqui? Quero ganhar asas.

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