Tenho um sol íntimo
que corresponde ao astro-rei.
A minha aurora interna se encontra
com a aurora real,
e o esplendor é imenso!
Alcanço o meio-dia
e os meus medos se achatam
como sombras pisoteadas
pela verticalidade dos dois sóis
alinhados:
sol
e
sol.
Mas tenho que cumprir
um ciclo de declínio,
e meu amarelo interno
em ocre entardece.
As asas da luz quedam como pálpebras
que não sustentam o peso dos cílios escuros.
O céu internado em mim
importa matizes sanguíneos
vazados do crepúsculo exterior:
o azul é uma cor fraca
derrotada pela escuridão.
Meu sol íntimo agora
deve estar nascendo
em outro hemisfério
do qual nada saberei.
De lá ele ilumina uma lua interna
correspondente à lua real,
e que também não tem luz própria,
uma terra erma e prateada.
Algum dia o meu céu noturno interno-real
corresponderá ao azul
desse outro hemisfério virtual?
Gaspar David Friedrich - Silêncio
Outros poemas Aqui
um sol íntimo só pode ser maravilhoso!
ResponderExcluirbeijos
Me lembrei que para estar perto do Sol...
ResponderExcluirpassamos a noite toda no breu...
aí você pode pensar na luz das velas...
das lamparinas...da luz elétrica...
mas...para a escuridão da angústia...
não existe como remediar...
só passando por ela para...
enfim...chegar à Luz...
Beijos
Leca
Marcantonio, o poema tem um sol íntimo, e você tem um talento indescritível e ainda bem que extrovertido :)!
ResponderExcluirbj
Marcantonio
ResponderExcluirAcredita que em mim está a acontecer um eclipse solar?
Ciclo de declínio...
Excelente!
bj
Rossana
Dentro de nós, universos, esses astros paralelos nos regulam, iluminam e escurecem.
ResponderExcluirUm lindo poema jogando luz sobre o que não vemos, só vivemos.
Abraço grande.