" Homem fascinado pelos mistérios da alma, o titural desse espaço deveria reservar duas horas do seu dia, suspender a tentação de fumar e assistir ao documentário José e Pilar. É um filme comovente sobre as últimas décadas de vida de Josér Saramago - aquelas que começaram aos 63 anos, quando ele conheceu e se apaixonou pela jornalista espanhola Pilar Del Rio, 28 anos mais jovem. Foi uma relação intensa, cúmplice, apaixonante.
-- Se eu tivesse morrido aos 63 anos, antes de lhe ter conhecido, morreria muito mais velho do que serei quando chegar a minha hora -- dizia Saramago, diante de uma Pilar agradecida.
-- É um filme dolorosamente real e poético - reagiu a própria Pilar, ao destacar o trabalho do diretor português Miguel Gonçalves Mendes.
Sant'Ana nunca mais esqueceria.
A primeira surpresa para quem assiste ao filme é perceber como o diretor e sua equipe entraram na vida do casal. Aos poucos, depois dos primeiros contatos, Mendes passou a fazer parte da rotina de José e Pilar, a tal ponto, que em certas passagens fica a impressão de que não percebiam mais a presença da câmera. Lá está ela enquanto assistem TV, debatem política, vão ao banheiro, se aprontam para sair, viajam, cumprem uma agenda estafante. A câmera marca presença até mesmo quando Saramago passa três meses doente. Em algumas passagens, você chega a imaginar que há algum equipamento oculto, como aquele que os repórteres usam, não percebidos pelos personagens. A câmera está lá - sempre ao lado do Prêmio Nobel e de sua parceira.
José e Pilar, nas viagens ou na casa, da ilha espanhola de Lanzarote, mostram a cumplicidade que todo casal deveria ter. De alguma maneira, eles descobriram a fórmula de uma relação intensa, afetiva e quase perfeita. A genialidade e o humor de Saramago combinaram como nunca com a inteligência de Pilar, uma jornalista espanhola que um dia marcou uma entrevista com o escritor porque queria conhecê-lo -e nunca mais se separou dele.
-- Quando a vi chegar, percebi que seria outra coisa -- explica Saramago.
Por uma feliz iniciativa da Vila de Azinhaga onde nasceu, Saramago e Pilar são nomes de ruas na comunidade - e elas se cruzam em determinado ponto. Seguem sempre juntos.
Sant'Ana vai descobrir, principalmente, que o documentário confirma uma tese defendida por ele neste espaço inúmeras vezes - a de que o envelhecimento não significa descarte. A fase mais produtiva da existência de Saramago se estendeu dos 63 anos, quando conheceu Pilar, aos 87, quando morreu. Neste período, conheceu Pilar, casou-se em 1988, escreveu, ganhou o Nobel de Literatura, viu o brasileiro Fernando Meirelles levar para as telas Ensaio sobre a Cegueira ( o momento em que ele se emociona ao ver o filme é um dos pontos marcantes do documentário), criou sua fundação, montou uma biblioteca imensa na ilha, viajou pelo mundo todo, inclusive o Brasil. Cumpriu uma agenda de trabalho tão intensa, que em certo momento, quem assiste ao filme se angustia. Quando alguém perguntava se não era cansativo demais, a doce e firme Pilar respondia que eles teriam muito tempo para descansar depois da vida - e que se surpreendia com os jovens de hoje, quase sempre cansados.
É mesmo muito bonito. Quem tiver a oportunidade
ResponderExcluirde assistir, não perca, pq vale a pena!
beijo
Ci, eu ainda não vi. Nem sabia que existia. Fiquei sabendo hoje de manhã quando li o jornal. Vou procurar essa tarde, se o pessoal deixar, porque, no sábado, viram a família carrapato :)
ResponderExcluirbeijos
Um exemplo, uma motivação...
ResponderExcluirbeijo :)
Bípede,
ResponderExcluirPercebes agora de que falava neste meu post ...
http://maiatatryingtoblog.blogspot.com/2010/06/pilar.html
bjs intercontinentais!
:)
que lindo... quero ver!
ResponderExcluirEstou ansiosa por ver...
ResponderExcluirL.B.
Também quero ver. Apesar de algumas divergências admiro Saramago.
ResponderExcluirNo Brasil, ainda não foi lançado em vídeo. Por enquanto, está em salas de cinema.
ResponderExcluirAqui em Porto Alegre, no Unibanco Artplex. Vou lá essa semana :)
Quero tanto assistir...
ResponderExcluirQuem sabe sábado...
Sei que deve ser uma lição e tanto...
Beijos
Leca