quinta-feira, 2 de junho de 2011

CHUVA

CHUVA-Diz-me compadre José, tu não achas que a chuva são lágrimas do céu?
- Claro que não Justino. Apenas água que cai das nuvens.
- Sei não. A mim, me parecem lágrimas escorregando pela face das tardes. Tu já provou chuva? Tem sabor de sal na boca da gente.
- Eu andei na escola, sei muito bem que é água contida nas nuvens e que em determinadas condições cai.
- Pois eu te digo compadre José. São lágrimas mesmo. Escorrem-me na face e já nem preciso chorar. Parece mesmo estou a fazer isso. E sempre chove quando estou triste.
-Pode até ser. Já vi tchingange chorando para a chuva cair. E guerrilheiros se escondendo em camas de chuva miudinha.
- Vê compadre? Eu até conheço gente que guarda e pastoreia nuvens e que choram apenas quando elas querem. Rebanhos delas se desfazendo em lágrimas por todo o lado até ao horizonte. Eu gosto de me lavar nessa água. Parece me purifica a alma. E só lágrima faz isso.
- Se calhar tu tens razão. Estou me lembrando da mana Kupilica quando deu à luz. Chovia e o sol era intenso. Parecia milagre. Se calhar eram lágrimas de muita alegria, que lágrima também cai de contentamento. É isso aí, nunca mais vou olhar para a chuva do mesmo modo. A gente tem de olhar para as nuvens com os olhos do coração.

3 comentários:

  1. Eu concordo compadres.
    As "lágrimas" de chuva são muitas vezes minhas companheiras - na alegria e na tristeza!
    beijinho

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  2. ..e eu acho que festa quando chove e faz sol...Acho uma beleza um e outro ou os dois juntos. :-)

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  3. Tem muita lógica. Para alem da poesia.
    Eu aprendi sempre que: chuva e sol, casamento de espanhol, sol e chuva, casamento de viúva.
    Num e noutro sempre achei motivo para sair e me esparramar nestas lágrimas.
    Concordo plenamente.

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