segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Brincando com o Risco



Os celulares estavam juntos aos corpos, ao lado das identidades, eles tocavam sem parar. Talvez essa tenha sido a pior das imagens da tragédia de Santa Maria, a fotografia da aflição, do desespero dos pais. No facebook é possível ver os rostos e as últimas mensagens de algumas das vítimas. Uma delas postou que o fogo estava tomando conta da Boite Kiss. Depois dessa postagem, essa menina de pele clara e rosto lindo não conseguiu mais respirar. Esses jovens morreram asfixiados por conta de um ato sem noção. Tem gente que acha normal e que não existe risco acionar um sinalizador num local cheio e apertado. O guitarrista da banda "gurizada fandangueira" disse que eles fizeram isso em lugares menores e nada aconteceu. Pois, então... Da banda apenas o gaitero não sobreviveu, ele alcançou a rua, mas retornou para buscar o acordeon, nunca mais voltou. O Juiz determinou a prisão temporária dos donos do estabelecimento e dos meninos da banda. A Justiça tem de ser feita, porque ninguém foi precavido. Diante da omissão a festa aconteceu, um DJ disse, antes das chamas, que aquilo estava bombando. De fato estava. As tragédias não são anunciadas, elas chegam porque alguém resolveu brincar com o risco, pegou o isqueiro e ascendeu o sinalizador....

2 comentários:

  1. Amigo Carlos, ainda estamos chocados. Aquilo foi uma noite de horror! Mesmo aqui em Porto Alegre, distante 300 quilometros da tragédia, ainda estamos consternados. Pobres das famílias enlutadas!
    Obrigado pela solidariedade.

    ResponderExcluir
  2. Acho você certíssimo, Maia. São todos culpados e devem pagar por isso. Mas acho também que não se pode eximir as autoridades desse país inteiro das suas responsabilidades. Haja omissão por parte delas, e haja omissão da nossa parte, pelo silêncio. Este é quebrado apenas quando as tragédias anunciadas acontecem. Veja que não falo da omissão das autoridades gaúchas, mas da omissão das autoridades do país inteiro. E são muitas, que só mostram a cara na hora da dor. Afinal se fica bem na fita com lágrimas nos olhos e palavras embargadas.
    Do lado de cá, na extremidade oposta quase, também estou consternado e solidário.
    Abr.,
    José Carlos

    ResponderExcluir