segunda-feira, 26 de novembro de 2012



Navio

por Eliana Mara Chiossi
Deixar a casa
para não levá-la nas costas
Deixar a casa
como se houvesse um
terremoto e houvesse pressa
Deixar a casa
como se fosse algum incêndio.
É assim que se sente ela,
perdida entre os móveis e os utensílios
numa casa grande demais,
repleta de quartos inúteis
e cômodos repletos de coisas inúteis.
A casa é um navio
parado no oceano
alimento da pergunta
daqueles que estão na praia
olhando e esperando
que algo aconteça
e a casa se mova.

A casa é um chão de areia
Onde estão espalhadas
As coisas inúteis e amadas
Como os vasos de flores
A coleção de fotos
As músicas e os vestidos.

Deixar a casa
como quem deixa o passado
e os livros, os incontáveis livros
com as milhares de histórias
até que seja contada a história
em que ela deixa a casa
para não esquecer de encontrar sua alma.

2 comentários:

  1. Às vezes é preciso deixar a casca e a casa para ter um lar.

    Bonito o seu poema, Eliana.
    Inteligente como você.

    beijoss :)

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  2. Bípede, não podemos deixar 2012 antes de nos vermos!
    Beijos

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