quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Escreve




Escreve sobre o caldo derramado. 
Sobre a sopa.
Escreve sobre o leite.
O leite da infância, 
o leite dos copos,
o  leite coalhado em flor.
Escreve o leite dos homens.  
Do homem derramado na cama, na calçada, 
na  marca de outra dor. 
Escreve sem caligrafia.
Escreve no lençol desafinado
e nas linhas sem clave
da trama, do vício e da morte
do horror.

7 comentários:

  1. Incentivo à escrita sempre é bem vido... em forma de poema então...

    Muito bom, parabéns...
    À convido a ler os meus poemas: http://teores.blogspot.com.br/

    Até mais Bípede Falante...

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  2. Tão bom te saber no primeiro verso e ansiar por todo o poema...Lelena!...meus olhos reconheceram e vibraram. Escrever sem caligrafia, sem palavras...nosso sonho!

    Beijos,

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  3. enquanto escreves o mundo acontece nas tuas palavras,



    beijooo

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  4. Escreves... pq enquanto escreves... existes...

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  5. Um poema vigoroso, escrito a partir da recorrência do verbo escrever e da palavra leite, que se associa a outras (não as enumero, pois estão logo ali no poema) que não pertencem à mesma família, mas, por associação, repito, criam a atmosfera desejada pelo Eu que se camufla numa segunda pessoa através do tempo verbal ali expresso. A força do poema reside na expressão das "ideias" que nos permite apreender a existência de uma concepção poética da linguagem, de que estamos diante de um arranjo verbal, que ultrapassa o próprio arranjo pela plussignificação que carrega.
    Recolho minhas ideias... Fiquemos com a poeta, ela sabe o que diz e como diz.
    beijoss,

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