quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Acrobata da Dor


De Cruz e Souza,

Acrobata da Dor

Gargalha, ri, num riso de tormenta,
como um palhaço, que desengonçado,
nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
de uma ironia e de uma dor violenta.

Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
agita os guizos, e convulsionado
salta, gavroche, salta clown, varado
pelo estertor dessa agonia lenta ...

Pedem-se bis e um bis não se despreza!
Vamos! retesa os músculos, retesa
nessas macabras piruetas d'aço...

E embora caias sobre o chão, fremente,
afogado em teu sangue estuoso e quente,
ri! Coração, tristíssimo palhaço.

3 comentários:

  1. Como palhaços da vida seguimos rindo de nossa dor.

    Abraço

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  2. Ah! se todos os palhaços que somos soubéssemos
    expressar as dores que deveras sentinos!

    beijoss

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  3. Amo esse poema! Às vezes a gente ri por fora, mas por dentro... Melhor nem tentar desvendar!

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